A Primeira Profecia: Uma luz sombria no caos da Disney?

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No universo da Disney pós-aquisição da Fox, o terror tem sido um campo minado. Entre refilmagens questionáveis (“Esqueceram de Mim no Lar, Doce Lar”) e reboots duvidosos (“O Predador: A Caçada”), a gigante do entretenimento ainda busca encontrar o caminho certo para cativar os fãs do gênero.

“A Primeira Profecia”, prequela do clássico “O Exorcista”, surge como uma promessa de redenção. Dirigido por Arkasha Stevenson em sua estreia no cinema, o longa-metragem apresenta uma história intrigante, personagens cativantes e uma atmosfera perturbadora que prende a atenção do público do início ao fim.

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Uma jornada sombria em solo italiano

A trama gira em torno da jovem irmã Margaret (Nell Tiger Free), enviada para um convento na Itália para realizar um trabalho. Lá, ela conhece a misteriosa Carlita (Nicole Sorace), uma adolescente que reside no local. À medida que Margaret se aprofunda na vida do convento, eventos estranhos começam a acontecer, levando-a a questionar tudo que a cerca.

Terror inteligente: Fugindo dos clichês

Responsável pelo roteiro ao lado de Tim Smith e Keith Thomas, Stevenson não reinventa a roda do terror. Ela se apoia em elementos clássicos do gênero, como exorcismos e possessões demoníacas, mas o faz de maneira inteligente e inovadora.

O grande diferencial de “A Primeira Profecia” reside na forma como a diretora utiliza o horror. Em vez de apelar para sustos baratos e jump scares, Stevenson constrói uma atmosfera perturbadora e claustrofóbica que prende o espectador em um suspense constante.

As performances que brilham na escuridão

Nell Tiger Free, revelada na série “Servant” da Apple TV+, entrega uma performance memorável como Margaret. Sua atuação transborda convicção e emoção, capturando perfeitamente o medo, a fé e a determinação da jovem freira.

Sônia Braga, em uma participação especial, interpreta a misteriosa irmã Silva. A veterana atriz brasileira brilha em cena, entregando uma performance marcante e cheia de nuances.

Bill Nighy, conhecido por seus trabalhos em filmes como “Viver” e “About Time”, completa o elenco principal com maestria. Seu personagem, um padre experiente, serve como guia e mentor para Margaret em sua jornada sombria.

Uma ponte para o passado, com erros no caminho

Embora se apresente como uma prequel de “O Exorcista”, “A Primeira Profecia” não se prende ao clássico de 1976. A diretora Stevenson constrói sua própria história, explorando novos ângulos e personagens.

No entanto, a tentativa de conectar o filme ao original nem sempre é bem-sucedida. Algumas referências e pontes narrativas soam forçadas e desnecessárias, prejudicando um pouco a coesão da trama.

Um raio de esperança no caos da Disney?

“A Primeira Profecia” não é um filme perfeito. O roteiro apresenta algumas falhas e a tentativa de conexão com o clássico “O Exorcista” nem sempre é bem-sucedida. No entanto, o longa-metragem se destaca pela direção inspirada de Arkasha Stevenson, pelas atuações memoráveis de Nell Tiger Free e Sônia Braga, e pela atmosfera perturbadora e envolvente que prende o espectador do início ao fim.

Em meio a tantas adaptações caóticas e decisões questionáveis por parte da Disney, “A Primeira Profecia” surge como um raio de esperança para o futuro do terror no estúdio. O filme demonstra que, com a direção certa e um roteiro bem trabalhado, é possível criar obras que honrem o legado dos clássicos do gênero e, ao mesmo tempo, apresentem novas perspectivas e ideias inovadoras.

Um terror que não se esquece: Por que você deve assistir “A Primeira Profecia”

Além do terror psicológico e da atmosfera claustrofóbica, “A Primeira Profecia” traz alguns elementos que a elevam a um patamar ainda mais interessante:

Aspectos culturais: O cenário italiano do convento agrega uma nova dimensão à narrativa. A mistura de línguas (português e italiano) faladas por Sônia Braga e a representação de costumes religiosos locais enriquecem a experiência do espectador.

Questionamentos morais: O filme não se limita a apresentar o horror puro. Ele também levanta questionamentos morais e filosóficos sobre a fé, o medo e a própria existência do mal.

Final aberto: Diferente de “O Exorcista”, que apresenta um final relativamente conclusivo, “A Primeira Profecia” deixa a porta aberta para continuações. Isso certamente despertará a curiosidade dos fãs e abrirá discussões sobre o futuro da franquia.

Para quem não é fã de terror tradicional, “A Primeira Profecia” pode não ser a melhor pedida. O filme não poupa o espectador de cenas chocantes e visuais perturbadores. No entanto, para aqueles que apreciam o gênero e buscam uma obra que vá além dos sustos fáceis, o longa-metragem certamente será uma grata surpresa.