Todos os aspectos que cercam o personagem do Capitão América são icônicos – do escudo ao uniforme e à atitude otimista inspirada na Era de Ouro – mas seu nome, embora não seja exceção à regra, poderia ter sido bem diferente se os escritores tivessem decidido usar a versão original.
Criado em uma época antes da ascensão e eventual domínio da Marvel Comics, Steve Rogers se tornaria um símbolo de esperança e patriotismo para os soldados americanos que lutavam nas duas frentes da Segunda Guerra Mundial, mas o escritor Joe Simon admite em sua autobiografia que o nome “Capitão América” não foi sua primeira escolha para o super-herói.
A criação do Capitão América é uma história tão inspiradora quanto qualquer missão que ele empreenderia durante a guerra. Joe Simon e Jack Kirby, dois artistas judeus, ficaram frustrados com a firme determinação dos Estados Unidos de evitar uma guerra, mesmo quando seus companheiros judeus estavam sendo presos e exterminados por Hitler e seu regime nazista.
Assim, o Capitão América foi criado. A primeira edição memorável estreou em março de 1941: meses antes do ataque japonês a Pearl Harbor em 7 de dezembro daquele ano. Simon e Kirby até receberam ameaças de morte de simpatizantes americanos da máquina de guerra nazista – mas no dia 7 de dezembro, essas ameaças desapareceram de repente.
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O nome original do Capitão América
Na autobiografia de Simon intitulada The Comic Book Makers, o escritor revela que inicialmente imaginou um nome diferente para Steve Rogers: Super American. “Escrevi o nome ‘Super American’ no final da página”, lembra Simon.
“Não, isso não funcionou. Havia muitos ‘supers’ por aí. ‘Capitão América’ tinha um bom som… não havia muitos capitães nos quadrinhos. Era tão fácil assim.” Simon estava certo: muitos heróis com o prefixo ‘super’ estavam combatendo o crime, incluindo Superman, o herói mais famoso da época.
A decisão de Simon, curiosamente, levou a um influxo maciço de super-heróis com o prefixo ‘Capitão’. Captain Battle, Captain Flag, Captain Freedom e mais apareceriam em capas de quadrinhos (e quase todas mantinham o mesmo tema patriótico e esquema de cores vermelho, branco e azul).
O Capitão América cimentou Steve Rogers como um herói militar em primeiro lugar, sempre ligado ao governo dos Estados Unidos. Isso fez do Capitão América um herói político desde o primeiro dia, e suas histórias mergulharam em assuntos controversos que a maioria dos outros heróis (e seus escritores) nem consideraram cobrir.
As preocupações de Simon sobre a proliferação do prefixo ‘super’ seriam proféticas, já que um personagem chamado Super-Americano foi de fato criado em 1941… e ele só apareceu em três edições. Sem dúvida, os leitores americanos estavam cansados de ‘supers’, para não mencionar os imitadores do Capitão América.
Mas o Capitão América resistiu de uma maneira que a maioria dos outros heróis patrióticos da Era de Ouro não, e o personagem e seu nome são tão populares hoje quanto ele era em 1941.