Filme de Os Simpsons quase teve vilão completamente diferente, segundo criadores

Embora a maioria concorde que “Os Simpsons” vem perdendo relevância cultural desde a 9ª temporada, a série ressurgiu em 2007 com “O Filme dos Simpsons”. Diga o que quiser sobre o filme, mas inegavelmente tornou Os Simpsons pelo menos um pouco legal novamente.

A família Simpsons estava repentinamente de volta aos comerciais, sendo comercializados como brinquedos do Burger King para crianças. E como qualquer um que estava no ensino médio na época pode dizer, aquela música do Porco Aranha ficou na cabeça de todas as crianças por meses.

 

Mas, como os showrunners de “Os Simpsons” deixaram claro há muito tempo, nada sobre fazer este filme foi fácil. “Embora o filme seja três vezes mais longo que o programa de TV, foi cem vezes mais difícil de escrever”, disse David Mirkin, que foi o showrunner e co-roteirista do programa nas temporadas 4-6, em uma entrevista de 2007.

Matt Groening, que criou o programa e co-escreveu o filme, acrescentou: “Sempre foi uma questão de escrever e reescrever com ênfase em reescrever. Estávamos sempre mexendo no roteiro e nunca paramos de tentar encontrar falas melhores ou cenas”.

Mas nem todas as reescritas são iguais, e houve uma que teria mudado completamente o filme se não tivesse sido alterada novamente alguns dias depois. Como o showrunner Matt Selman disse recentemente à GQ, “Por um fim de semana louco, Hank Scorpio foi o vilão do filme.”

Hank Escorpião, vilão mundial número #1

 

Os fãs de “Os Simpsons” podem se lembrar de Hank Scorpio da 8ª temporada de “You Only Move Twice”. Lá, Homer se muda para uma nova cidade para trabalhar para seu novo chefe, dublado por Albert Brooks. Por outro lado, Hank é um chefe maravilhoso que trata Homer com a bondade infinita e o apoio que o diabólico Sr. Burns nunca forneceu. A desvantagem é que Hank também é um supervilão diabólico.

Muito do humor desse episódio se resume ao fato de que os esquemas diabólicos de Hank nunca levam em consideração a decisão de Homer de deixar a empresa; Homer deixa a cidade porque o resto da família está infeliz e não há ressentimentos entre ele e Hank.

Este episódio é amplamente considerado um dos episódios mais engraçados da série, então é fácil ver por que os escritores considerariam fortemente trazer Hank de volta ao filme. Ajudou o fato de que nos primeiros rascunhos do filme, o vilão – Russ Cargill, ainda interpretado por Albert Brooks – não funcionava muito bem.

“Originalmente, o vilão era como o triste saque do governo. Ele não recebia muito respeito“, explicou Matt Selman.

“Ele não parecia um bom vilão porque parecia assim… mesmo quando enlouquecia, parecia tão covarde, indefeso e patético.”

A razão para a virada em Escorpião parece clara: quem mais é o personagem de Albert Brooks em “Os Simpsons” que não é covarde, impotente ou patético?

“Então, durante um fim de semana louco, pensamos, e se ele fosse literalmente Hank Escorpião daquele amado episódio de ‘You Only Move Twice?’ Devemos emitir um rascunho de Hank Escorpião“, explicou Selman.

 

Albert Brooks colocou um fim nisso

 

Foi Albert Brooks quem disse: ‘Não acho que seja uma boa ideia’”, diz o co-roteirista David Silverman, e é fácil entender por quê.

Uma parte fundamental do que torna Hank Scorpius tão bom é que seu relacionamento com Homer é sempre positivo. Sim, Hank pode ser tecnicamente mau, mas ele é exatamente o tipo de chefe solidário que Homer sempre quis. Torná-lo o vilão significaria que Homer perderia sua admiração por Hank assim que derrubasse a cúpula sobre toda a cidade, e ninguém quer ver isso.

Outra razão é que o filme seria forçado a explicar como um vilão de Bond como Hank acabou trabalhando para o governo, o que levaria o tempo que o filme deveria ter usado para focar na família real dos Simpsons.

No final, o papel de vilão de Brooks em “The Simpson Movie” acabou sendo um personagem completamente novo. Russ Cargill tem semelhanças com Hank Escorpião – principalmente seu comportamento otimista e amigável, apesar de constantemente fazer coisas ruins – mas em termos de enredo, ele é um rosto completamente novo.

Para o melhor

 

No final, Russ Cargill foi a escolha certa para o vilão principal porque ele dificilmente é um vilão. Ele não anda muito com os Simpsons, e quando consegue falar cara a cara com Homer e Bart, Maggie o mata de uma forma absurdamente anticlimática. (É verdade que Maggie está bem estabelecida como uma assassina em potencial neste momento, então não é completamente do nada).

Cargill cumpre seu propósito como um funcionário do governo astuto que avança a trama nos dois atos finais, mas na maioria das vezes apenas se detém e permite que os conflitos internos de Homer assumam o foco do filme.

Foi uma escolha de roteiro inteligente, pois permite que o filme dê a Homer o que pode ser seu melhor e mais substancial arco de personagem nos mais de 30 anos de história do programa.

Como alguns fãs apontaram, “Os Simpsons: O Filme” basicamente serve como o fim da tendência Jerkass Homer. No início do filme, Homer é o mais egoísta e cruel, mas desta vez ele redime seus pecados. Para o resto da série, Homer é um personagem mais legal e humilde do que no início do século XXI.

É uma decisão que faz com que “Os Simpsons: O Filme” pareça uma parte significativa da história do programa, porque na verdade teve um impacto (sutil, mas substancial) na maneira como o personagem principal é escrito. É uma decisão que seria comprometida se eles decidissem deixar Hank Escorpião ocupar muito dos holofotes. Hank não entrou em “Os Simpsons: O Filme”, mas, por melhor que seja um personagem, ele simplesmente não pertenceria a ele.