Xógum: renascendo tradições – A épica reinvenção de Sanada Hiroyuki na cultura japonesa
Revolução cultural por Sanada Hiroyuki
Sanada Hiroyuki: do último samurai ao produtor visionário
Foram necessários dez anos para que a série “Xógum: A gloriosa saga do Japão” saísse do papel. Ao estrear nesta terça-feira (27), a nova adaptação do livro clássico de mesmo nome escrito por James Clavell quer atualizar a discussão sobre o encontro do ocidente com o Japão com sua trama sobre disputa de poder e intrigas entre samurais.
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Desvendando a trama épica: Xógum e a disputa de poder no Japão Feudal
Para evitar estereótipos e aumentar a autenticidade, o casal de criadores e responsáveis pela versão, Justin Marks e Rachel Kondo, primeiro convocaram Sanada Hiroyuki (“O último samurai”) para interpretar o protagonista. Anos depois, o convidaram para ser um dos produtores.
A linguagem do samurai: o desafio de retratar o japonês clássico em Hollywood
Especialista no gênero, o ator há anos briga para melhorar a forma como a cultura de seu país é retratada em Hollywood. Com um cargo na liderança nos bastidores pela primeira vez em sua longeva carreira, ele finalmente se sente confortável para agir de maneira mais direta.
“Às vezes acontecem equívocos com a nossa cultura. Ou alguns públicos amam personagens japoneses estereotipados ou hábitos, coisas assim. Mas, no século 21, eu queria consertar tudo isso para a nossa geração”, diz Sanada em entrevista ao g1. Assista ao vídeo acima.
Colaboração cultural: Sanada Hiroyuki e a equipe japonesa por trás de Xógum
Os dois primeiros episódios estreiam nesta terça nas plataformas de vídeos Disney+ e Star+ (cujos catálogos vão se juntar em 2024). Os oito demais serão lançados semanalmente.
Entre o Oriente e o Ocidente: a experiência de Rachel Kondo na criação de Xógum
Assim como no livro, “Xógum” segue a história de um piloto britânico (Cosmo Jarvis) que chega ao Japão feudal do século 17 determinado a acabar com o monopólio dos portugueses (inimigos da Inglaterra) sobre o comércio com o país.
Revisitando um clássico: a nova adaptação de Xógum e seu impacto cultural
Capturado e completamente ignorante dos costumes e da política local, ele se encontra no meio de uma disputa de poder entre cinco poderosos senhores em um vácuo deixado pela ausência de um “xógum” – líder militar e autoridade política real da nação.
Estreia triunfante: Xógum chega às telas com Cosmo Jarvis no papel principal
Sob a guarda do mais poderoso deles (Sanada) e sem falar uma palavra de japonês, o estrangeiro se aproxima de sua tradutora (Anna Sawai) e, com o tempo, prova ser aliado poderoso.
Legado de Shakespeare: a influência linguística em Xógum
Com isso, o idioma é central à trama. Os diálogos em japonês foram mantidos na língua local, mas o que é retratado em inglês na verdade era para ser português – uma liberdade comum em Hollywood.
Como produtor, Sanada conseguiu contratar membros japoneses para a equipe e levá-los até o Canadá, onde aconteceram as gravações. Especializados em dramas de samurais, eles ajudaram a desenvolver figurinos, cenários, penteados e até a linguagem digna da época.
De minissérie a maratona semanal: o modelo de lançamento de Xógum
“A maneira de falar de um samurai é como o inglês de Shakespeare. Às vezes, é muito difícil de entender. É por isso que nós adotamos um equilíbrio melhor. Na maneira clássica, mas fácil de entender, mas sem ficar modernizado demais”, conta Sanada.
“Mesmo com as legendas, talvez o público consiga sentir se aquilo faz sentido para aquele período, ou o personagem, ou a situação. Sabe, mesmo sem entender o significado, as pessoas podem sentir se é apropriado ou não.”
O encontro atual: Xógum e as questões atemporais da cultura Japonesa
Ao lado do veterano, Sawai (“Velozes e furiosos 9″) é outra com experiência em Hollywood. Filha de japoneses nascida na Nova Zelândia, ela fala as duas línguas de forma fluente – o que a permitiu refletir sua personagem na vida real.
“Como alguém que conhece as duas culturas, foi maravilhoso vê-los juntando forças, porque as pessoas japonesas podem fazer da sua maneira e é lindo, mas estávamos fazendo algo novo”, afirma a atriz.
“Espero ter feito a minha parte, porque alguns membros japoneses da equipe não falavam inglês, e havia muitos tradutores, mas às vezes eu achava que era mais fácil eu só traduzir e meio que agir como a Mariko. Isso foi muito divertido.”
Pós-sushi
Marks se envolveu no projeto em 2018, após o sucesso com o lançamento de sua série de espionagem, “Counterpart”, e com seu roteiro de “Mogli – O menino lobo” (2016).
Sem ligação familiar com o Japão, ele achou que seria estranho comandar uma segunda adaptação da obra. A primeira, uma minissérie de 1980, se tornou um marco cultural gigantesco nos Estados Unidos.
“Não acho que qualquer série poderia fazer jus àquele sucesso. A minissérie original teve 120 milhões de espectadores”, diz Marks.
“Nós realmente vivemos em uma cultura interseccional incrivelmente dispersa – para a qual estamos tentando fazer essa história. Pessoas com uma grande variedade de pontos de vista que vêm a essa história de inúmeros lugares diferentes. Acho que, de alguma forma, essa conversa pode ser infinitamente mais interessante por causa disso.”
Ele só topou fazer parte depois que sua mulher, Kondo, encontrou o livro e ficou obcecada pela obra.
“O que é tão legal a respeito é que realmente parece que estamos em um momento em que a geração atual pode não saber por que agora há um restaurante de sushi em cada esquina”, afirma a escritora americana de família japonesa.
“Eles podem não entender que não foi sempre assim, certo? Então, é um momento ideal para revisitar esse evento icônico e meio que perguntar novamente as mesmas questões. Porque elas são, no fim do dia, atemporais.”
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