“We Are Who We Are”: Adolescência, Identidade e Libertação na Itália, de Luca Guadagnino

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Lançada em 2020, “We Are Who We Are” é uma minissérie dramática criada por Luca Guadagnino, conhecido por seus filmes aclamados como Chama-me Pelo Teu Nome e Suspiria (2018).

A série, composta por 8 episódios, se passa em uma base militar americana na Itália, onde dois adolescentes, Fraser (Jack Dylan Grazer) e Caitlin (Jordan Kristine Seamón), enfrentam questões de identidade, sexualidade e os desafios de crescer longe de casa.

Com um ritmo contemplativo e cinematográfico, “We Are Who We Are” explora de forma sensível e poética as lutas internas e externas de seus personagens, abordando temas como descoberta pessoal, amizade, relações familiares e sexualidade.

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Sinopse de “We Are Who We Are”

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Imagem: The Movie Database

Adolescência e identidade em uma base militar

A história se passa em uma base militar americana na Itália, onde os dois adolescentes principais, Fraser e Caitlin, vivem em um ambiente altamente disciplinado e controlado.

Fraser, um garoto introspectivo e questionador, tenta entender sua identidade sexual e seu lugar no mundo, enquanto Caitlin, uma jovem independente e forte, lida com a tensão de se adaptar às expectativas familiares e sociais.

Ambos, embora imersos na cultura militar, têm experiências de vida muito distintas.

Fraser, com uma personalidade mais reservada e intelectual, busca um sentido mais profundo para sua existência, enquanto Caitlin é mais extrovertida, em busca de sua liberdade pessoal e mais disposta a experimentar novas experiências.

A série aborda a amizade crescente entre os dois, enquanto eles tentam se entender, se afastando das expectativas impostas pela sociedade e pela base militar.

O Estilo Cinemático de Luca Guadagnino

Direção sensível e contemplativa

Luca Guadagnino traz sua característica sensibilidade e profundidade emocional para “We Are Who We Are”. Seu estilo visual é marcado por uma cinematografia suave e uma direção que favorece o ritmo lento, com muitos momentos silenciosos e reflexivos.

A série não se apressa em entregar respostas, mas prefere explorar o interior de seus personagens e o ambiente ao seu redor, criando uma atmosfera de introspecção e conexão emocional.

A estética da série também reflete a beleza da Itália, com paisagens deslumbrantes que contrastam com a vida fechada e regrada da base militar.

O uso de cores, a luz natural e as imagens fluidas ajudam a construir uma sensação de melancolia e nostalgia, amplificando o tom de busca pela identidade que permeia toda a narrativa.

Temas centrais em “We Are Who We Are”

Identidade e sexualidade

Um dos maiores focos da série é a busca pela identidade, especialmente no contexto da adolescência.

A sexualidade de Fraser, que é explorada ao longo da série, está profundamente ligada a suas dúvidas sobre quem ele realmente é e como se encaixa em um mundo que, muitas vezes, parece não aceitar suas inseguranças.

Caitlin, por outro lado, embora mais confiante em relação a si mesma, enfrenta a pressão de ser filha de uma figura militar que espera dela certos padrões de comportamento.

A série mostra a complexidade de se encontrar e aceitar, especialmente em um ambiente que parece forçar papéis rígidos de gênero e comportamento.

Amizade e crescimento

Fraser e Caitlin formam uma amizade que transcende a simples convivência na base. Eles se tornam confidentes um do outro, permitindo-se explorar suas inseguranças e suas identidades em um espaço seguro.

A amizade deles é uma das maiores forças da série, sendo um reflexo da importância da conexão emocional na jornada do autoconhecimento durante a adolescência.

A influência do ambiente militar

Viver em uma base militar traz uma dinâmica única para a série, influenciando profundamente as relações e o comportamento dos personagens.

A rígida disciplina e os valores militares contrastam com os desejos individuais dos adolescentes. Fraser e Caitlin são constantemente forçados a lidar com as expectativas de seus pais e com as limitações de um ambiente onde a liberdade pessoal é restrita.

Personagens principais de “We Are Who We Are”

Fraser: introspecção e descoberta

Interpretado por Jack Dylan Grazer, Fraser é um adolescente introspectivo que, em sua jornada de autodescoberta, se sente alienado da sociedade ao seu redor.

Sua busca pela sexualidade e pela identidade pessoal o coloca em um caminho de autoconhecimento profundo, cheio de incertezas. A performance de Grazer é sutil, mas cheia de nuance, refletindo as inseguranças e os desejos do personagem.

Caitlin: liberdade e rebeldia

Caitlin, interpretada por Jordan Kristine Seamón, é a contraposição de Fraser. Ela é extrovertida, forte e determinada, mas também enfrenta os desafios de viver sob a sombra das expectativas militares.

A relação dela com a mãe, que está em um casamento complicado, é uma parte central de sua narrativa. Caitlin representa a busca por liberdade e independência enquanto tenta lidar com os dilemas familiares e sociais.

Os pais e o ambiente militar

Os pais de Fraser e Caitlin também têm papéis importantes na série, já que suas relações familiares são complexas e influenciam diretamente o comportamento dos adolescentes.

O pai de Fraser (interpretado por Chloë Sevigny) é uma figura militar rígida e preocupada com a imagem e o comportamento de seu filho, o que gera uma tensão constante entre os dois.

Já a mãe de Caitlin está em um casamento conturbado, o que a coloca em uma posição de vulnerabilidade emocional que se reflete em sua relação com a filha.

Trilha sonora de “We Are Who We Are”

Música como uma extensão emocional

A trilha sonora de We Are Who We Are é uma das partes mais imersivas da série. Com uma curadoria impecável de músicas que variam de clássicos do rock alternativo a faixas contemporâneas, a música amplifica os momentos de introspecção e os conflitos emocionais dos personagens.

A escolha de faixas como “White Lies” de Tame Impala e outras músicas indie cria uma conexão ainda mais forte com o público, especialmente com os jovens, que podem se ver refletidos nas escolhas sonoras da série.

Recepção crítica e impacto cultural

Aclamada pela crítica

We Are Who We Are recebeu elogios por sua abordagem sensível e sofisticada de temas como sexualidade, amizade e a busca por identidade.

Muitos críticos destacaram o tom contemplativo e a maneira como a série consegue retratar as complexidades da adolescência de maneira genuína e não idealizada.

A série também foi reconhecida por sua direção de Luca Guadagnino, que demonstrou mais uma vez sua habilidade de capturar a intimidade emocional com uma estética única.

Conclusão: Por que assistir “We Are Who We Are”?

Imagem: The Movie Database

We Are Who We Are é uma minissérie que vai além das narrativas convencionais sobre a adolescência.

Em vez de seguir um formato linear de coming-of-age, a série de Luca Guadagnino mergulha nas complexidades da identidade, da sexualidade e das relações familiares, oferecendo uma visão sincera e comovente dos dilemas internos enfrentados pelos jovens.

Se você busca uma história sensível, bem dirigida e visualmente impressionante, We Are Who We Are é uma obra imperdível.

A série não só toca em questões universais da adolescência, mas também oferece uma reflexão sobre os desafios de se encontrar em um mundo que, muitas vezes, parece estar em desacordo com nossos próprios desejos.

Assista ao trailer de “We Are Who We Are”

No Brasil, “We Are Who We Are” não está disponível para streaming. No entanto, você encontra a obra na Max e Amazon Prime Video, dependendo da região.