Lançada em setembro de 2020 no Amazon Prime Video, Utopia é uma série de suspense e ficção científica criada por Gillian Flynn (Garota Exemplar, Objetos Cortantes).
A série é uma adaptação da produção britânica de mesmo nome, originalmente transmitida em 2013, mas com atualizações temáticas e culturais para um público norte-americano e global.
Com um enredo que envolve teorias da conspiração, pandemias, controle populacional e manipulação midiática, Utopia estreou em um momento marcante: durante a pandemia de COVID-19, o que gerou polêmica e dividiu opiniões.
Apesar de sua breve duração, a série permanece relevante como um retrato sombrio das ansiedades contemporâneas.
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Sinopse: A verdade está desenhada em uma HQ

Em Utopia, um grupo de jovens nerds e fãs de quadrinhos se encontra pela primeira vez pessoalmente durante uma convenção para obter um manuscrito inédito da misteriosa HQ “Utopia”.
Eles acreditam que a obra contém mensagens codificadas e previsões sobre catástrofes globais, como pandemias e envenenamento em massa.
À medida que investigam a conexão entre a ficção e o mundo real, se veem perseguidos por uma organização sombria conhecida como The Harvest (ou “The Network” na versão britânica).
Paralelamente, conhecemos Jessica Hyde, uma personagem da HQ que aparece no mundo real e se junta ao grupo, elevando ainda mais o mistério e a tensão.
O que torna Utopia especial
A principal premissa da série é que a verdade pode estar escondida em uma obra de ficção — e que o poder de imaginar o futuro pode ser mais perigoso do que parece.
A HQ “Utopia”, dentro da trama, torna-se uma metáfora poderosa para teorias da conspiração, códigos secretos e a desconfiança nas autoridades.
Utopia também mergulha em temas sensíveis, como:
- Bioengenharia e vacinas experimentais
- Criação de pandemias como ferramentas de controle
- Edição genética e manipulação populacional
- A influência da ficção sobre o comportamento social
É uma série que, apesar de sua abordagem fantasiosa, levanta questionamentos profundos sobre poder, ciência, ética e desinformação.
Elenco e personagens principais
- Ashleigh LaThrop como Becky Todd: Uma jovem determinada e sensível, afetada por uma doença misteriosa chamada Diels.
- Dan Byrd como Ian Ackerman: Um analista corporativo cético que mergulha de cabeça na conspiração.
- Jessica Rothe como Samantha: A idealista do grupo, acredita no poder da HQ como forma de prevenir tragédias.
- Desmin Borges como Wilson Wilson: Um teórico da conspiração que se prova essencial na interpretação dos segredos da HQ.
- Javon Walton como Grant: Um garoto superinteligente e audacioso que vive uma vida dupla.
- Sasha Lane como Jessica Hyde: A enigmática figura que liga a ficção à realidade — ou vice-versa.
- Rainn Wilson como Dr. Michael Stearns: Um virologista que, sem querer, é manipulado para espalhar um vírus sintético.
- John Cusack como Dr. Kevin Christie: O vilão carismático da série, responsável por desenvolver uma vacina que esconde um plano global de esterilização.
Direção, produção e bastidores
A série Utopia teve seu desenvolvimento inicialmente anunciado pela HBO, mas foi cancelada antes da produção. Mais tarde, foi resgatada pela Amazon Studios. Gillian Flynn foi contratada para reescrever os roteiros e assumir a posição de showrunner.
A produção contou com um orçamento alto para uma primeira temporada, refletido nos efeitos visuais detalhados, nos cenários dinâmicos e nas sequências de ação bem coreografadas.
As filmagens foram realizadas nos Estados Unidos, e a narrativa foi propositalmente ajustada para se conectar com as preocupações norte-americanas contemporâneas, como vigilância digital, farmacêuticas e teorias antivacina.
Temas centrais em Utopia
1. Conspiração e controle populacional
A série propõe uma visão cínica sobre governos e grandes corporações, sugerindo que pandemias podem ser fabricadas como instrumento de controle demográfico — uma ideia controversa, mas retratada com nuances que colocam o espectador para refletir.
2. Ficção como ferramenta de manipulação
Utopia questiona até que ponto uma história pode ser usada como arma — tanto para informar quanto para enganar. A HQ no centro da trama representa uma narrativa que “sabe demais” e pode mudar o rumo da história.
3. Ética da ciência
Dr. Kevin Christie acredita que está salvando a humanidade ao implementar um plano de esterilização global para conter a superpopulação. A série coloca o espectador diante de dilemas éticos reais: fins justificam os meios? Quem decide o que é melhor para o mundo?
Comparação com a versão britânica
A série original Utopia (2013), criada por Dennis Kelly, foi transmitida pelo Channel 4 no Reino Unido e é cultuada até hoje por sua estética única, trilha sonora eletrônica hipnótica e abordagem fria e filosófica. A versão britânica é mais brutal e ambígua, e contou com duas temporadas.
A versão americana, embora mais polida, tenta manter o espírito da original, com algumas alterações:
Cancelamento precoce
Apesar de uma campanha intensa de divulgação, Utopia foi cancelada pela Amazon após sua primeira temporada. O cancelamento ocorreu em novembro de 2020, apenas dois meses após a estreia.
Entre os motivos especulados estão:
- Polêmicas envolvendo temas de pandemia durante a COVID-19.
- Baixa audiência e engajamento.
- Críticas negativas sobre o excesso de violência e ritmo desigual.
O final da primeira temporada deixou diversas pontas soltas, como o destino real de Jessica Hyde, o plano global de Kevin Christie e o futuro de Grant, acusado de assassinato.
Onde assistir
Utopia (2020) está disponível no Amazon Prime Video, com todos os oito episódios legendados e dublados em português. A série é classificada para maiores de 18 anos, devido a cenas de violência explícita e conteúdo sensível.
Conclusão

Utopia é uma série ousada, que arrisca ao explorar os medos mais profundos da sociedade moderna — pandemias, controle populacional, ciência desenfreada e desinformação. Embora tenha sido cancelada cedo, permanece como uma produção memorável e provocativa.
Com visual marcante, personagens complexos e uma premissa instigante, Utopia vale a maratona, especialmente para quem aprecia teorias da conspiração e ficção distópica. Apesar de suas falhas, é uma produção que continua gerando debates até hoje.