Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (2014): Uma comédia irreverente que zomba do Velho Oeste e da própria morte
Lançado em 2014, Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola é uma comédia de faroeste escrita, dirigida e protagonizada por Seth MacFarlane — criador de Family Guy e Ted.
O filme traz um olhar absurdamente cômico sobre a vida no Velho Oeste, ironizando suas convenções com sarcasmo, situações bizarras e piadas politicamente incorretas.
A proposta de MacFarlane é clara: zombar do que tradicionalmente se romantiza nos clássicos do western americano.
Com um elenco recheado de estrelas e participações especiais inesperadas, o longa transforma o deserto árido do Arizona em um palco de piadas escatológicas, mortes absurdas e amores improváveis.
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Sinopse: Romance, rivalidade e muitas mortes esdrúxulas

Albert Stark (Seth MacFarlane) é um fazendeiro covarde que detesta viver no Velho Oeste — um lugar onde qualquer erro banal pode ser fatal.
Após perder a namorada Louise (Amanda Seyfried) para um barbeiro vaidoso (Neil Patrick Harris), ele encontra apoio inesperado em Anna (Charlize Theron), uma forasteira misteriosa que o ajuda a recuperar sua autoestima e coragem.
O problema? Anna é, na verdade, esposa do perigoso pistoleiro Clinch Leatherwood (Liam Neeson), que não lida bem com traições — mesmo as platônicas. A partir daí, Albert se vê forçado a enfrentar o maior desafio de sua vida: sobreviver em um lugar onde, literalmente, há um milhão de maneiras de morrer.
Humor ácido e sátira ao estilo Seth MacFarlane
Como em suas criações anteriores, MacFarlane usa a comédia de faroeste para explorar o absurdo das normas sociais, do machismo, do romantismo idealizado e da própria ideia de heroísmo.
Ele quebra a quarta parede com frequência, brinca com os clichês do gênero e não poupa ninguém — de cowboys a prostitutas, de indígenas a barbudos com dentes podres.
A narração irônica e o ritmo de piadas rápidas lembram o estilo de Family Guy, embora com liberdade maior para o humor adulto.
Em Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola, a morte é tão comum que vira piada recorrente: se não for por um duelo, pode ser por um animal selvagem, uma infecção ou mesmo um acidente idiota.
Elenco de peso e participações inusitadas
Seth MacFarlane: do desenho animado ao faroeste
Embora mais conhecido por sua voz e trabalho como roteirista, MacFarlane assume o protagonismo com um personagem covarde, sarcástico e autoconsciente. Ele interpreta Albert com uma mistura de vulnerabilidade e deboche que encaixa perfeitamente no tom da história.
Charlize Theron: elegância em meio ao caos
Theron surpreende em um papel cômico, equilibrando charme, força e senso de humor. Sua química com MacFarlane é um dos pontos fortes do filme, e sua personagem Anna é mais do que um interesse romântico: ela funciona como mentora e catalisadora da evolução de Albert.
Liam Neeson e o vilão caricato
Liam Neeson interpreta o temido Clinch com sua presença intimidadora característica — e sem nunca quebrar o sotaque irlandês (por exigência cômica de MacFarlane). Ele é uma paródia dos vilões invencíveis do faroeste, exagerado até no nome.
Destaques cômicos
- Neil Patrick Harris rouba a cena como Foy, o rival metrosexual de Albert.
- Giovanni Ribisi e Sarah Silverman formam um casal inusitado — ele religioso demais, ela uma prostituta que “se guarda para o casamento”.
- Christopher Lloyd faz uma participação especial hilária como Doc Brown, de De Volta para o Futuro.
- Jamie Foxx aparece em uma cena pós-créditos como Django, numa piada intertextual com Django Livre.
Produção e estética
Apesar do tom escrachado, a produção de Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola é caprichada. As locações no Novo México oferecem paisagens típicas do gênero western, e o figurino e trilha sonora homenageiam (e parodiam) os clássicos.
A fotografia, de Michael Barrett, adota um visual limpo e saturado, destacando o contraste entre o cenário épico e o conteúdo ridiculamente engraçado.
Críticas e recepção
O filme dividiu opiniões. Parte da crítica o considerou uma comédia criativa e ousada, enquanto outra o classificou como excessivamente vulgar e inconsistente. No Rotten Tomatoes, ele possui uma média abaixo de 40%, mas foi mais bem recebido pelo público fã do humor de MacFarlane.
Apesar da bilheteria modesta em relação a Ted, o filme se tornou uma espécie de “cult de ocasião” entre amantes de comédias fora do padrão e fãs do gênero comédia de faroeste.
A desconstrução do faroeste como gênero
Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola não é um western tradicional — e nem pretende ser. Ele utiliza os elementos do gênero para escancarar seus próprios absurdos: o duelo como solução de problemas, a masculinidade tóxica como virtude, e a visão idealizada de um tempo brutal e injusto.
O filme é, na essência, uma sátira moderna disfarçada de western, que joga com os limites do humor negro, da metalinguagem e da comédia física. Se no faroeste clássico os heróis sempre sabem o que fazer, aqui temos um protagonista que só quer sobreviver sem levar um tiro.
Conclusão

Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola é uma comédia de faroeste irreverente que, embora não agrade a todos, entrega exatamente o que promete: piadas escrachadas, críticas ácidas e um olhar debochado sobre o Velho Oeste.
Com um elenco afiado e um humor sem filtros, o filme é ideal para quem aprecia sátiras inteligentes e não se incomoda com exageros e escatologia.
É uma paródia que ri da morte — e das muitas, muitas maneiras estúpidas de encontrá-la.
Assista ao trailer de “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola“
No Brasil, “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola” está disponível na Amazon Prime Video e YouTube Filmes.