“Buscando”: O Thriller Tecnológico que Redefiniu o Gênero Policial no Cinema

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Lançado em 2018, Buscando (Searching, no original) surpreendeu o mundo ao apresentar uma narrativa eletrizante contada inteiramente através das telas de dispositivos digitais — como laptops, smartphones, redes sociais e câmeras de segurança.

Dirigido por Aneesh Chaganty e estrelado por John Cho, o longa é uma aula de inovação cinematográfica, combinando suspense, emoção e tecnologia em uma única experiência envolvente.

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Enredo: a busca desesperada de um pai

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Imagem: The Movie Database

Um desaparecimento inexplicável

Em Buscando, acompanhamos David Kim (John Cho), um pai viúvo que se vê desesperado quando sua filha adolescente, Margot (Michelle La), desaparece sem deixar vestígios.

A história começa de maneira aparentemente cotidiana: uma ausência não justificada da escola. Porém, rapidamente, a situação se agrava.

Uma investigação através da vida digital

Sem respostas das autoridades, David decide investigar por conta própria, acessando o laptop da filha.

É aí que o filme se diferencia: toda a narrativa se desenrola por meio das interfaces digitais — pesquisas no Google, chamadas no FaceTime, mensagens no iMessage, postagens no Facebook, vídeos no YouTube e registros em câmeras de segurança.

Essa escolha estética não é apenas um artifício criativo, mas também um comentário sobre o mundo digital em que vivemos — onde nossas identidades, segredos e relações estão codificadas em dados.

John Cho em um papel marcante

Representatividade e emoção

Com uma atuação intensa e emocionalmente contida, John Cho entrega uma performance comovente em Buscando. Ele interpreta um pai comum, lidando com luto, culpa e desespero, enquanto tenta entender quem realmente era sua filha.

A escolha de Cho como protagonista também marca um avanço na representatividade asiático-americana em Hollywood. Ele foi o primeiro ator asiático a liderar um thriller de grande distribuição nos EUA, algo ainda raro no cinema ocidental.

Uma direção inovadora e eficaz

Aneesh Chaganty e a linguagem digital do cinema

Buscando foi o longa-metragem de estreia do diretor Aneesh Chaganty, que já vinha de experiências com narrativas digitais em curtas e comerciais. Sua direção é precisa e dinâmica, conseguindo transformar telas estáticas em cenas tensas, emocionantes e até poéticas.

Mesmo com a limitação do espaço digital, o ritmo do filme é ágil. O uso de cortes rápidos entre aplicativos, mudanças de janela e notificações simuladas mantém o espectador engajado do início ao fim.

Montagem e roteiro colaboram com a tensão

A montagem é um elemento-chave. Cortes cirúrgicos, movimentos de cursor e janelas pop-up substituem os gestos tradicionais da linguagem cinematográfica, mas com o mesmo impacto emocional e narrativo.

O roteiro, coescrito por Chaganty e Sev Ohanian, sabe exatamente como e quando revelar novas pistas.

Suspense, tecnologia e emoção

Uma trama cheia de reviravoltas

Assim como nos grandes thrillers policiais, Buscando é repleto de reviravoltas, pistas falsas e momentos de revelações impactantes. A tensão é amplificada pela proximidade da narrativa: o público vê tudo como se estivesse dentro do computador, tornando-se cúmplice da investigação de David.

A crítica à ilusão digital

Mais do que um suspense, o filme também propõe uma crítica ao mundo digital. David descobre que, apesar de achar que conhecia a filha, ela levava uma vida virtual bastante distinta. O longa expõe o abismo entre a imagem que projetamos online e quem realmente somos.

Recepção crítica e prêmios

Aclamado por público e crítica

Buscando foi amplamente elogiado pela crítica especializada, sendo considerado um dos melhores thrillers do ano de 2018.

No site Rotten Tomatoes, o filme conta com mais de 90% de aprovação. Além disso, conquistou o Prêmio Alfred P. Sloan no Festival de Sundance e outros reconhecimentos em festivais internacionais.

Um sucesso de bilheteria surpreendente

Produzido com um orçamento modesto de apenas US$ 880 mil, o filme arrecadou mais de US$ 75 milhões mundialmente, provando que inovação e uma boa história ainda podem conquistar o público, mesmo sem grandes efeitos visuais ou elenco de estrelas.

O legado de “Buscando”

Início de um novo subgênero?

Buscando deu impulso ao que passou a ser chamado de “screenlife”, um subgênero cinematográfico que se baseia na narrativa contada exclusivamente através de telas.

Filmes como Unfriended (2014) já haviam explorado essa estética, mas Buscando levou o conceito a um novo patamar de qualidade, profundidade e aceitação crítica.

Continuação e universo expandido

O sucesso do filme gerou uma continuação espiritual, “Missing” (Desaparecida), lançada em 2023, que segue a mesma estética e formato, mas com novos personagens e uma nova trama. Embora não seja uma sequência direta, mantém o espírito de inovação e suspense que marcou Buscando.

Por que assistir “Buscando” hoje?

Uma experiência cinematográfica única

Mesmo anos após seu lançamento, Buscando continua atual e relevante. É uma obra que conversa diretamente com a geração digital, explorando não apenas as ferramentas tecnológicas, mas também as emoções humanas que se escondem por trás das telas.

Reflexão sobre a paternidade moderna

Além do suspense, o filme é um drama familiar sensível. Fala sobre conexão, distância emocional, paternidade e o desafio de realmente conhecer quem amamos em um mundo saturado de redes sociais e distrações digitais.

Considerações finais

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Imagem: The Movie Database

Buscando é mais do que um thriller inovador — é uma obra que combina forma e conteúdo de maneira impecável. Com uma narrativa envolvente, uma estética única e uma mensagem poderosa, o longa se destaca como um dos filmes mais criativos da década.

Se você busca um suspense inteligente, moderno e emocional, Buscando é uma escolha imperdível.

Assista ao trailer de “Buscando”

No Brasil, “Buscando” está disponível no YouTube Filmes e Apple TV.