The Square: A Arte da Discórdia – Uma Sátira Ácida Sobre Arte e Classe Social
Lançado em 2017, The Square: A Arte da Discórdia é uma sátira dirigida pelo sueco Ruben Östlund, conhecido por suas narrativas desconfortáveis e críticas afiadas à sociedade contemporânea.
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o filme combina humor negro, ironia e situações absurdas para questionar o mundo elitista da arte moderna, a hipocrisia das classes privilegiadas e a fragilidade dos valores morais.
Se passando em um renomado museu de arte contemporânea, The Square segue um curador sofisticado que vê sua vida sair do controle quando uma série de eventos inesperados expõe o abismo entre sua imagem pública e sua realidade pessoal.
Com cenas desconcertantes, diálogos afiados e uma abordagem provocativa, o filme desafia o espectador a refletir: até que ponto somos verdadeiramente éticos e coerentes com os valores que pregamos?
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O protagonista do filme é Christian (Claes Bang), um respeitado curador de arte que trabalha em um museu de Estocolmo.
Sua mais recente exposição, chamada The Square, é baseada em um conceito de solidariedade e confiança: dentro de um quadrado simbólico, todas as pessoas devem ser tratadas com igualdade e respeito.
Porém, enquanto Christian promove esse discurso humanitário, sua vida pessoal se desmorona de maneira irônica e caótica.
- Ele tem seu celular e carteira roubados, o que o leva a tomar uma decisão impulsiva e desastrosa para recuperar os objetos.
- Seu envolvimento com uma jornalista americana (Elizabeth Moss) se torna embaraçoso e cheio de mal-entendidos.
- A campanha publicitária do museu, criada para promover The Square, sai do controle e gera uma crise midiática escandalosa.
Aos poucos, Christian é confrontado com a desconexão entre sua imagem pública de homem culto e progressista e suas próprias ações, revelando a fragilidade da elite intelectual diante de questões éticas e morais.
O Que Torna The Square Uma Sátira Brilhante?
1. A Hipocrisia da Elite Intelectual
O filme ridiculariza a desconexão entre o discurso humanitário e as ações individuais da classe artística e intelectual.
- Christian se apresenta como um homem progressista e defensor dos direitos humanos, mas age de forma egoísta e mesquinha quando algo ameaça seu conforto.
- O museu promove conceitos de igualdade e empatia, mas sua equipe demonstra frieza e desinteresse genuíno pelos problemas sociais reais.
- A arte moderna é exaltada, mas suas mensagens são esvaziadas pelo elitismo e pela falta de impacto prático no mundo real.
A crítica é direta: a elite progressista fala muito sobre valores sociais, mas raramente se envolve de fato com as injustiças que denuncia.
2. O Mundo da Arte Moderna Como Um Espetáculo Vazio
O filme satiriza a arte contemporânea, expondo sua excentricidade e falta de significado real.
- Obras conceituais são reverenciadas, mas muitas delas são meras abstrações vazias.
- O público e os críticos fingem entender as exposições, mesmo quando não há nada concreto para interpretar.
- A polêmica gerada pela campanha publicitária da exposição (uma cena absurdamente chocante) mostra como a arte pode ser usada mais para autopromoção do que para reflexão real.
Essa abordagem levanta a pergunta: a arte ainda tem um papel relevante na sociedade ou se tornou apenas um símbolo de status?
3. Momentos Surreais e Desconfortáveis
The Square se destaca por suas cenas longas, desconfortáveis e carregadas de tensão social.
- Cena do jantar de gala: Um ator performático encarna um homem primitivo, agindo como um animal selvagem diante da elite. A cena se estende por vários minutos, tornando-se cada vez mais insuportável até que a plateia não consegue mais ignorá-lo.
- Conversa entre Christian e a jornalista: O embaraço da interação revela as dinâmicas de poder e os jogos de manipulação nas relações interpessoais.
- O confronto com um garoto irritado: Após uma tentativa desastrosa de recuperar seu celular, Christian entra em um conflito com um menino, mostrando o quão facilmente a culpa e o privilégio geram ações impulsivas.
Esses momentos forçam o espectador a enfrentar a hipocrisia dos personagens e, por consequência, da sociedade em que vivemos.
Os Temas Profundos de The Square
1. Moralidade e Conveniência
O filme questiona se realmente praticamos o que pregamos.
- Quando confrontado com seus próprios erros, Christian evita assumir responsabilidades.
- O conceito de The Square sugere um mundo idealizado, mas ninguém segue suas regras na vida real.
- A arte contemporânea critica problemas sociais, mas não faz nada de concreto para solucioná-los.
No fim, The Square nos faz refletir: somos realmente boas pessoas ou apenas queremos parecer boas?
2. O Individualismo vs. O Coletivo
Em um mundo onde o egoísmo e o medo governam, o filme questiona: a empatia ainda existe ou apenas fingimos nos importar?
- Christian não consegue confiar nos outros, apesar de promover um projeto baseado na confiança.
- As interações entre os personagens mostram um profundo isolamento emocional, mesmo em ambientes sociais sofisticados.
- A cena do jantar ilustra a passividade da sociedade diante de injustiças, pois ninguém se arrisca a intervir até ser tarde demais.
O filme sugere que, por trás do verniz de civilização, somos mais egoístas e primitivos do que gostamos de admitir.
Comparações com Outras Sátiras Sociais
Se você gostou de The Square, pode se interessar por outros filmes que questionam as hipocrisias da sociedade moderna:
- “Parasita” (2019) – Uma crítica sobre desigualdade social e privilégios.
- “Triangle of Sadness” (2022) – Outra sátira de Ruben Östlund, que expõe o ridículo da elite rica.
- “O Discreto Charme da Burguesia” (1972) – Filme surrealista que ironiza os costumes da classe alta.
- “Branco Sai, Preto Fica” (2014) – Crítica social distópica sobre desigualdade e repressão.
Todos esses filmes compartilham um tom ácido e provocativo, desafiando o espectador a refletir sobre seu próprio papel na sociedade.
Recepção Crítica e Impacto
Desde seu lançamento, The Square foi amplamente elogiado por sua abordagem satírica e provocativa.
Destaques da crítica:
- Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o prêmio mais prestigiado do festival.
- Elogiado pelo roteiro inteligente, que mistura humor e desconforto de forma magistral.
- Claes Bang recebeu reconhecimento por sua performance, tornando-se um dos papéis mais marcantes de sua carreira.
Apesar de não ser um filme fácil, sua crítica social continua relevante e impactante.
Conclusão
The Square: A Arte da Discórdia é um filme que provoca, desconcerta e questiona as contradições da sociedade contemporânea.
Com uma abordagem satírica e absurdamente realista, ele expõe a hipocrisia da elite intelectual, o vazio da arte conceitual e a fragilidade dos valores morais.
Se você gosta de filmes inteligentes e desconfortáveis, que fazem refletir sobre o mundo ao nosso redor, The Square é uma obra essencial.
Assista ao trailer de “The Square: A Arte da Discórdia”
No Brasil, “The Square: A Arte da Discórdia” está disponível no Mercado Play e Amazon Prime Video.