Sweet Bean: Um Delicado Drama Japonês Sobre Amizade e a Arte dos Doces Tradicionais
Lançado em 2015, Sweet Bean (An, no título original japonês) é um filme dirigido por Naomi Kawase que combina de maneira delicada elementos de amizade, tradição culinária e superação.
Baseado no romance de Durian Sukegawa, o longa se passa em Tóquio e gira em torno da relação entre um vendedor de dorayaki e uma idosa que transforma sua vida com a paixão e a arte de fazer doces tradicionais japoneses.
Com uma narrativa suave e visualmente poética, Sweet Bean vai além de sua premissa simples para abordar temas profundos como aceitação, envelhecimento, exclusão social e a conexão humana.
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Sinopse
A história segue Sentaro (Masatoshi Nagase), um homem introspectivo que trabalha em uma pequena loja de dorayaki, panquecas recheadas com uma pasta de feijão doce chamada anko.
Sua vida é monótona e cheia de arrependimentos, até que conhece Tokue (Kirin Kiki), uma idosa que pede um emprego na loja.
Inicialmente hesitante, Sentaro acaba aceitando a ajuda de Tokue quando descobre que ela domina a arte de preparar um anko excepcional. A chegada de Tokue não apenas transforma a qualidade dos dorayaki vendidos na loja, mas também traz uma nova perspectiva para a vida de Sentaro.
À medida que a relação entre os dois se desenvolve, segredos sobre o passado de Tokue e a vida de Sentaro vêm à tona, revelando histórias de dor, aceitação e resiliência.
A Arte dos Doces Tradicionais Japoneses
1. O Papel do Anko no Filme
O anko, uma pasta de feijão azuki adoçada, é um elemento central em Sweet Bean. Tokue ensina Sentaro a preparar o anko com cuidado e respeito pelos ingredientes, transformando o processo em um ritual quase espiritual.
No Japão, doces tradicionais como os dorayaki e outros wagashi têm um profundo significado cultural. Eles não apenas simbolizam celebração e hospitalidade, mas também representam a harmonia entre os sabores e a natureza, valores que Tokue transmite em suas aulas para Sentaro.
2. Culinária como Conexão Humana
Ao longo do filme, a preparação dos dorayaki serve como uma metáfora para a conexão entre as pessoas.
Tokue ensina que ouvir os feijões durante o cozimento é essencial para um bom anko – uma lição que reflete a importância de prestar atenção e valorizar os pequenos detalhes da vida e das relações humanas.
Temas Centrais
1. Amizade e Empatia
A amizade entre Sentaro e Tokue é o coração do filme. A relação entre os dois transcende as diferenças de idade e experiências de vida, mostrando como a empatia pode transformar vidas.
Tokue, com sua sabedoria e paciência, ajuda Sentaro a superar sua apatia e encontrar um novo significado em seu trabalho e em sua vida. Por outro lado, Sentaro oferece a Tokue a oportunidade de se reconectar com a sociedade, mesmo enfrentando os preconceitos associados à sua condição.
2. Exclusão Social e Preconceito
O filme aborda o tema da exclusão social de forma sutil, mas poderosa. Tokue carrega as cicatrizes de ter vivido em um sanatório devido a uma condição de saúde estigmatizada no Japão.
Sua história lança luz sobre a discriminação enfrentada por aqueles marginalizados pela sociedade, ressaltando a necessidade de empatia e inclusão.
3. Envelhecimento e Legado
Tokue, já idosa, encontra propósito ao transmitir sua paixão e conhecimento a Sentaro. O filme explora como o envelhecimento pode ser um momento de reflexão e de contribuição para as gerações mais jovens, destacando o impacto duradouro das ações e ensinamentos de uma pessoa.
Direção e Estilo Visual
A direção de Naomi Kawase é marcada por uma sensibilidade visual única, que captura com elegância a beleza dos pequenos momentos.
A cineasta utiliza enquadramentos cuidadosos e iluminação natural para criar uma atmosfera serena e contemplativa, transportando o público para a intimidade do cotidiano dos personagens.
As cenas de preparação dos doces são especialmente encantadoras, quase como uma coreografia que reflete a delicadeza da cultura japonesa e a conexão emocional dos personagens com a culinária.
Atuação
A performance de Kirin Kiki como Tokue é emocionante e profundamente humana. Com gestos sutis e uma presença calorosa, ela transmite a força e a resiliência de sua personagem, tornando-a inesquecível.
Masatoshi Nagase, como Sentaro, oferece uma atuação introspectiva e melancólica, equilibrando perfeitamente os conflitos internos de seu personagem com o crescimento pessoal que Tokue inspira.
A jovem Kyara Uchida, que interpreta Wakana, uma estudante que frequenta a loja, adiciona uma camada de leveza e inocência à narrativa, representando as possibilidades de uma nova geração.
Recepção Crítica
Desde seu lançamento, Sweet Bean foi amplamente elogiado por sua narrativa sensível e performances marcantes.
- Rotten Tomatoes: O filme possui uma aprovação de 87%, com críticos destacando sua abordagem calorosa e comovente.
- Metacritic: A pontuação média é de 72/100, indicando críticas geralmente favoráveis.
Críticos elogiaram a capacidade de Naomi Kawase de abordar temas universais com delicadeza e respeito, criando uma experiência cinematográfica que é tanto visualmente cativante quanto emocionalmente impactante.
Prêmios e Reconhecimentos
Sweet Bean recebeu diversos prêmios e indicações em festivais internacionais, incluindo:
- Festival de Cannes (2015): Seleção oficial na seção Un Certain Regard.
- Prêmio de Melhor Filme: No Festival de Cinema Asiático de Hong Kong.
Esses reconhecimentos reforçam a relevância do filme como uma obra que transcende barreiras culturais, tocando públicos ao redor do mundo.
Por Que Assistir Sweet Bean?
1. Uma Homenagem à Culinária Japonesa
O filme celebra a arte dos doces tradicionais, mostrando como a culinária pode ser uma forma de expressão e conexão.
2. Uma História de Esperança
Com mensagens de aceitação e superação, Sweet Bean é um lembrete de que sempre há espaço para recomeços e para encontrar significado na vida.
3. Um Olhar Sobre a Sociedade Japonesa
A narrativa aborda questões sociais pouco exploradas, oferecendo uma perspectiva única sobre o Japão contemporâneo.
Onde Assistir
Sweet Bean está disponível no YouTube Filmes e na AppleTV.
Conclusão
Sweet Bean é um drama profundamente humano que combina a simplicidade da vida cotidiana com temas complexos e universais.
Com atuações tocantes, uma direção poética e uma história que celebra a amizade, a resiliência e a arte dos doces tradicionais, o filme é uma experiência enriquecedora para qualquer amante de cinema.
Se você busca uma narrativa inspiradora que equilibre beleza visual e profundidade emocional, Sweet Bean é uma escolha indispensável. Prepare-se para se emocionar e, talvez, sentir vontade de experimentar um dorayaki enquanto reflete sobre a doçura das conexões humanas.