Submarino (2010): A comédia dramática britânica que explora o amadurecimento com humor ácido e melancolia

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Lançado em 2010, Submarino (2010) é um exemplo marcante de como o cinema britânico sabe equilibrar drama, humor ácido e sensibilidade.

Dirigido por Richard Ayoade, a obra é uma adaptação do romance de Joe Dunthorne e mergulha na mente de Oliver Tate, um adolescente tão brilhante quanto desajustado.

Entre planos para perder a virgindade e tentar impedir o divórcio dos pais, ele vive um turbilhão emocional que é tão engraçado quanto tocante.

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A trama de Submarino (2010)

Imagem: The Movie Database

Oliver Tate — um protagonista peculiar

O centro de Submarino (2010) é Oliver Tate, um adolescente galês de 15 anos que encara o mundo com sarcasmo e introspecção.

Ele narra os acontecimentos de forma irônica, revelando suas paranoias e teorias absurdas sobre a vida adulta. Sua obsessão por controlar tudo ao redor revela um medo profundo da mudança — algo típico da adolescência.

Um plano romântico e outro familiar

Enquanto tenta conquistar Jordana Bevan, uma colega de classe com um estilo irreverente, Oliver também acredita que pode salvar o casamento de seus pais, Jill e Lloyd.

O surgimento de Graham, um ex-namorado de sua mãe que se apresenta como guru espiritual, coloca Oliver em modo “agente secreto”, investigando e tentando sabotar o possível romance.

Direção e estilo de Richard Ayoade

Uma estreia visualmente marcante

Richard Ayoade, conhecido por seu papel na série The IT Crowd, estreia como diretor de cinema em Submarino (2010) com um estilo visual sofisticado e autoral.

Claramente influenciado pela Nouvelle Vague e por diretores como Wes Anderson, Ayoade usa enquadramentos simétricos, paleta de cores retrô e transições criativas que transformam o ordinário em algo poeticamente cinematográfico.

Humor britânico com uma pitada de tristeza

O humor presente em Submarino (2010) é tipicamente britânico: seco, sarcástico e autodepreciativo. Ayoade constrói um mundo onde o riso surge do desconforto, da contradição e da tragédia cotidiana.

Esse equilíbrio entre humor e melancolia é o que torna o filme tão especial e único dentro do gênero coming-of-age.

Elenco de destaque em Submarino (2010)

Craig Roberts como Oliver Tate

A interpretação de Craig Roberts é um dos grandes trunfos de Submarino (2010). Com um rosto expressivo e um tom de voz sempre entre o cínico e o sincero, Roberts consegue traduzir a complexidade emocional de Oliver — ao mesmo tempo egocêntrico, vulnerável, inteligente e imaturo.

Yasmin Paige como Jordana

Yasmin Paige entrega uma atuação magnética como Jordana, a anti-musa perfeita. Forte, irônica e misteriosa, ela não se encaixa nos moldes tradicionais de interesse amoroso adolescente.

Sua relação com Oliver é marcada por um realismo raro: eles não se idealizam, apenas se encontram em suas esquisitices.

O elenco adulto

Sally Hawkins (Jill), Noah Taylor (Lloyd) e Paddy Considine (Graham) formam o núcleo adulto do filme, todos com atuações contidas e cheias de camadas.

Cada um representa uma parte do quebra-cabeça emocional que Oliver tenta resolver — sem sucesso, como todo adolescente que quer controlar o incontrolável.

A trilha sonora de Alex Turner

Um toque musical melancólico

A trilha sonora de Submarino (2010) foi composta por Alex Turner, líder da banda Arctic Monkeys. As músicas compostas especialmente para o filme — como Stuck on the Puzzle e Piledriver Waltz — ampliam o sentimento de solidão, confusão e nostalgia que permeia a narrativa.

Trilha que conversa com o roteiro

Cada música parece um capítulo do diário emocional de Oliver. A trilha de Turner não apenas embala o filme, mas funciona como parte integrante da história — algo raro e precioso no cinema contemporâneo.

Temas centrais em Submarino (2010)

Adolescência e identidade

Submarino (2010) retrata a adolescência como ela realmente é: confusa, cheia de tentativas fracassadas de controle, marcada por paixões intensas e medos silenciosos. Oliver é um exemplo claro disso — ele tenta entender quem é através do que pensa dos outros e como pode interferir no mundo ao redor.

A metáfora do “submarino”

O título Submarino (2010) é simbólico. Oliver vive submerso em seus próprios pensamentos, emoções e paranoias. Como um submarino, ele observa a superfície, mas raramente emerge. É essa introspecção sufocante que molda sua visão do mundo e o afasta das respostas que tanto procura.

Crítica e recepção de Submarino (2010)

Reconhecimento da crítica

Submarino (2010) estreou em festivais como o de Toronto e foi recebido com elogios pela crítica especializada.

A direção de Ayoade foi celebrada por sua originalidade e segurança, especialmente por um cineasta estreante. O roteiro afiado e a estética inusitada também foram destacados como pontos altos.

Um filme cult de amadurecimento

Com o tempo, Submarino (2010) se tornou um filme cult dentro do gênero coming-of-age. Sua abordagem honesta, sem idealizações, continua a conquistar públicos jovens e adultos que se identificam com a estranheza de Oliver e suas lutas internas.

Por que assistir Submarino (2010) hoje?

Mesmo mais de uma década após seu lançamento, Submarino (2010) permanece atual.

O filme trata de temas universais com uma abordagem única: crescimento pessoal, medo da perda, relações familiares frágeis e o desafio de se conectar com o outro. A estética marcante e a trilha sonora sensível tornam a experiência ainda mais envolvente.

Conclusão

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Imagem: The Movie Database

Submarino (2010) é muito mais do que um filme sobre um adolescente tentando perder a virgindade ou salvar o casamento dos pais.

É um retrato sincero, visualmente estilizado e emocionalmente ressonante sobre como é crescer tentando fazer sentido do mundo — e de si mesmo. Para quem busca uma comédia dramática britânica com alma, sensibilidade e personalidade, Submarino (2010) é uma escolha certeira.

Assista ao trailer de “Submarino”

No Brasil, “Submarino” não está disponível para streaming. No entanto, você encontra a obra na Belas Artesa La Carte.