Sliders (1995): A odisseia sci-fi entre universos paralelos que conquistou os anos 90
Muito antes do conceito de multiverso se tornar um tema recorrente em produções modernas de super-heróis e blockbusters de Hollywood, a série de televisão Sliders (1995) já explorava a fascinante ideia de universos paralelos com criatividade, aventura e crítica social.
Criada por Tracy Tormé e Robert K. Weiss, Sliders estreou na Fox em 1995 e rapidamente se tornou um cult entre os fãs de ficção científica.
A série apresentou uma trama inovadora para a época: um grupo de pessoas que, após um experimento mal-sucedido, começa a “deslizar” de um universo alternativo para outro — cada um com realidades completamente diferentes da nossa.
Com Jerry O’Connell no papel principal como o jovem gênio Quinn Mallory, a série mistura ficção científica, ação, comédia e uma boa dose de drama enquanto o grupo enfrenta perigos, dilemas morais e surpresas em cada mundo que visita, sempre tentando encontrar o caminho de volta para casa.
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A premissa de Sliders: E se o mundo fosse diferente?

O conceito central de Sliders gira em torno da ideia de que existem infinitas versões da Terra, cada uma seguindo uma linha temporal própria, moldada por escolhas diferentes ao longo da história.
Quinn Mallory, um estudante de física brilhante, desenvolve uma máquina capaz de abrir portais (chamados de “vórtices”) entre esses mundos.
Mas um acidente durante um teste leva Quinn, seu professor Maximilian Arturo (John Rhys-Davies), sua amiga Wade Wells (Sabrina Lloyd) e o cantor Rembrandt “Crying Man” Brown (Cleavant Derricks) a ficarem presos fora de sua realidade original.
A cada episódio, o grupo desliza para um novo universo — alguns muito parecidos com o nosso, outros completamente estranhos ou perigosos.
A força de Sliders está em sua capacidade de usar cada universo como uma espécie de experimento social ou político. O que aconteceria se os soviéticos tivessem vencido a Guerra Fria? Se os dinossauros nunca tivessem sido extintos?
Se os direitos das mulheres fossem abolidos? Se o sistema jurídico fosse baseado em jogos televisivos? Essas são apenas algumas das premissas criativas exploradas nos episódios.
O elenco e os personagens de Sliders
- Quinn Mallory (Jerry O’Connell) – O protagonista e criador do dispositivo de deslizamento. Jovem, inteligente e impulsivo, ele é a âncora científica da série.
- Professor Maximilian Arturo (John Rhys-Davies) – Mentor de Quinn e uma figura paterna no grupo, é um cético com um intelecto afiado e humor ácido.
- Wade Wells (Sabrina Lloyd) – Amiga de Quinn, representa a perspectiva emocional e empática, muitas vezes servindo como a bússola moral do grupo.
- Rembrandt Brown (Cleavant Derricks) – Um ex-cantor de soul que entra na aventura por acaso. Inicialmente o alívio cômico, ele evolui para um personagem profundo e fundamental.
Ao longo das temporadas, o elenco original sofre alterações, com a saída de Arturo e Wade e a introdução de novos personagens, como Maggie Beckett (Kari Wuhrer) e o vilão Colonel Rickman, marcando uma mudança significativa de tom na série.
O impacto e os temas de Sliders
Sliders conquistou os fãs de ficção científica dos anos 90 com seu potencial de exploração temática quase infinita.
Cada universo alternativo dava aos roteiristas a liberdade de explorar questões contemporâneas sob uma nova ótica: autoritarismo, racismo, crises ambientais, desigualdade de gênero, controle corporativo, pandemias e até mesmo sátiras da cultura pop e da mídia.
A série abordava de maneira acessível conceitos científicos complexos, como realidades divergentes, efeito borboleta e relatividade temporal, sem perder o apelo para o público geral. Mesmo sem grandes orçamentos, Sliders se destacava pelo roteiro criativo e conceitos provocativos.
Além disso, Sliders também funcionava como uma metáfora para a busca por pertencimento e identidade.
Presos em um looping de mundos onde tudo é quase familiar, mas nunca certo, os protagonistas passam a refletir sobre o que torna um lugar “lar” e quem realmente são quando confrontados com versões alternativas de si mesmos.
Mudanças de tom e queda de qualidade
Após três temporadas elogiadas por sua originalidade, Sliders começou a enfrentar problemas nos bastidores. A saída do criador Tracy Tormé e a interferência dos produtores resultaram em mudanças no tom da série.
A quarta e quinta temporadas, que migraram para o canal Sci-Fi Channel, focaram menos em comentários sociais e mais em conflitos com vilões recorrentes e tramas militares. Muitos fãs consideram essa transição uma perda da essência original da série.
A morte e substituição de personagens principais, a introdução de arcos menos coesos e uma queda perceptível na qualidade dos roteiros levaram a série a perder parte de seu público original.
Ainda assim, mesmo em seus momentos mais fracos, Sliders manteve a proposta fascinante de brincar com o “e se?”, algo que manteve muitos espectadores fiéis até o fim, em 2000.
Sliders e o legado da ficção científica televisiva
Sliders foi pioneira em um formato de ficção episódica com narrativa conceitual, que permitia ao espectador refletir sobre temas profundos enquanto acompanhava aventuras semanais. Sua influência pode ser sentida em produções posteriores como:
- Fringe (2008–2013), que também aborda realidades paralelas;
- Dark (2017–2020), com suas linhas temporais alternativas e mistério científico;
- Rick and Morty, que satiriza a ideia de múltiplos universos com humor ácido;
- O próprio conceito de multiverso hoje, tão presente em produções da Marvel e DC, já era explorado de forma criativa por Sliders décadas antes.
A série também continua sendo lembrada por fãs por meio de comunidades online, fóruns e petições por um reboot — algo que, considerando o atual fascínio pelo multiverso, não seria impensável.
Considerações finais: Por que Sliders ainda vale a pena

Mais do que um produto de sua época, Sliders é uma série que permanece relevante por seu potencial imaginativo e sua crítica social embutida em aventuras sci-fi acessíveis.
Apesar das oscilações na qualidade e do desfecho abaixo das expectativas, as primeiras temporadas são ricas em ideias e representam um dos momentos mais criativos da televisão de ficção científica dos anos 90.
Se você gosta de histórias que desafiam a realidade, provocam reflexões filosóficas e apresentam mundos tão estranhos quanto plausíveis, Sliders ainda é uma viagem que vale a pena revisitar.
Gostaria de recomendações de séries atuais com temática de multiverso ou ficção científica similar?
Assista ao trailer de “Sliders”
No Brasil, “Sliders” não está disponível para streaming. No entanto, você encontra a obra na Apple TV e Peacock, dependendo da região.