Shiva Baby (2020): A comédia dramática tensa sobre um encontro inesperado no shiva
O filme Shiva Baby (2020), dirigido por Emma Seligman, se destaca como uma comédia dramática que mistura tensão, desconforto e momentos de humor com uma trama sobre identidade, relacionamentos e os dilemas da vida adulta.
Com uma narrativa que se passa praticamente inteira dentro de um ambiente fechado – um shiva judaico, tradicionalmente uma reunião após a morte de um ente – o filme cria um microcosmo de confusão, com a protagonista sendo forçada a confrontar várias facetas de sua vida de uma vez só.
A jovem protagonista, Danielle (interpretada por Rachel Sennott), se vê diante de uma situação emocionalmente tensa quando aparece no shiva de um parente com sua ex-namorada e seu sugar daddy.
Isso leva a encontros inesperados e situações complicadas que testam seus limites e forçam a protagonista a lidar com questões de sexualidade, relacionamentos familiares e expectativas sociais.
Este filme de humor negro e tensão claustrofóbica nos oferece uma visão crítica da busca por identidade e aceitação.
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Danielle e o encontro com seu passado
Shiva Baby coloca a personagem principal, Danielle, em uma situação de grande desconforto.
Ela é uma jovem judia bissexual que vai ao shiva com sua mãe, mas o que seria uma simples visita se transforma em um pesadelo quando ela encontra seu sugar daddy, Max (interpretado por Danny Deferrari), e sua ex-namorada, Maya (interpretada por Molly Gordon).
A tensão começa a crescer logo no início do filme, quando Danielle percebe que está cercada por pessoas que sabem mais sobre sua vida íntima do que ela gostaria.
Em meio a um espaço apertado, com conversas sobre casamento, filhos e vida adulta, ela começa a questionar suas próprias escolhas e desejos. A dinâmica entre ela, seu sugar daddy e sua ex-namorada cria uma atmosfera de humor desconfortável e insights sobre a complexidade das relações modernas.
A questão da identidade e a pressão social
Shiva Baby explora a busca por identidade de forma notável.
Danielle, uma jovem adulta tentando encontrar seu caminho, se vê dividida entre várias identidades: a de filha judia, a de amante casual de um homem mais velho, a de ex-namorada de uma mulher e a de jovem que ainda não sabe o que quer da vida.
Cada uma dessas facetas se entrelaça de forma intensa e muitas vezes desconfortável.
O filme aborda também o peso das expectativas familiares. Ao ser confrontada pelas perguntas de parentes e amigos sobre sua vida pessoal, Danielle se vê em um momento de descompasso entre o que ela gostaria de ser e o que a sociedade e sua família esperam dela.
Este contraste é uma das principais forças do filme, criando uma situação em que o público sente o desconforto de Danielle de forma palpável, enquanto também se diverte com o humor peculiar e as ironias da situação.
A dinâmica claustrofóbica de Shiva Baby
O ambiente fechado e a tensão crescente
Um dos aspectos mais interessantes de Shiva Baby é o uso de um único cenário – o shiva – como um microcosmo das complexas relações sociais. Ao manter a maior parte da ação em um ambiente claustrofóbico e limitado, o filme intensifica a sensação de desconforto que a protagonista experimenta.
As interações entre Danielle e os outros personagens acontecem em um espaço pequeno, o que dá uma sensação de pressão constante e aumenta a intensidade emocional das cenas.
O tom claustrofóbico do filme é amplificado pela escolha da diretora em usar longos planos contínuos, nos quais a câmera segue Danielle enquanto ela tenta escapar das situações complicadas nas quais se encontra.
Isso cria uma sensação de estar preso, não só fisicamente dentro do shiva, mas também emocionalmente, já que Danielle não consegue escapar de seus próprios conflitos internos.
A utilização de humor desconfortável
O humor em Shiva Baby é um dos elementos mais notáveis da trama. Com um estilo que mistura comédia de situação com humor negro, o filme cria momentos de riso desconfortável.
As situações absurdas e as interações entre os personagens tornam o público consciente do quão deslocados todos estão dentro daquele ambiente.
O desconforto é uma constante, mas é também a chave para entender a complexidade do filme: como as pessoas lidam com suas próprias falhas e inseguranças diante de outros. A comédia, embora tensa, é também uma ferramenta poderosa para explorar as camadas mais profundas da vida de Danielle.
O desempenho de Rachel Sennott: A protagonista em um papel revelador
A atriz e o papel de Danielle
O filme Shiva Baby é, sem dúvida, impulsionado pela atuação de Rachel Sennott. Ela desempenha o papel de Danielle de forma brilhante, equilibrando perfeitamente momentos de humor com a complexidade emocional da personagem.
Danielle é uma jovem com grandes expectativas familiares, questões de identidade e um futuro incerto, e Sennott consegue transmitir todas essas camadas de uma forma genuína e cativante.
A atriz traz uma energia única para o papel, tornando Danielle ao mesmo tempo relacionável e complexa. Sua habilidade de alternar entre o desconforto emocional e os momentos mais engraçados de forma tão fluida é o que torna o filme tão eficaz.
O desempenho de Sennott, misturado com o roteiro afiado e as situações caóticas, cria um desempenho que deixa uma marca duradoura no público.
O apoio dos coadjuvantes
Embora Rachel Sennott seja o centro das atenções, o elenco de apoio também brilha. Molly Gordon como a ex-namorada de Danielle, Maya, traz uma camada adicional de complexidade, tornando o relacionamento entre as duas ainda mais interessante.
Danny Deferrari também faz um excelente trabalho como Max, o sugar daddy de Danielle, criando uma dinâmica tensa e às vezes desconfortável com a protagonista.
Temas centrais de Shiva Baby: Identidade, relações e pressões sociais
A busca pela identidade pessoal
Em Shiva Baby, o tema da identidade é central. Danielle está em uma fase de sua vida em que se sente desconectada de muitas das expectativas e papéis que lhe foram impostos, tanto pela sociedade judaica quanto pela sua família.
O filme questiona como as pessoas definem suas identidades em uma sociedade que, muitas vezes, exige que sejamos de uma maneira específica.
Danielle, sendo bissexual, também enfrenta questões de aceitação e autenticidade, principalmente em um ambiente familiar onde o casamento tradicional e as expectativas heteronormativas predominam.
O filme aborda essas questões de forma sutil, mas poderosa, através das interações de Danielle com sua família e os outros presentes no shiva.
Pressões familiares e sociais
As pressões sociais e familiares também são temas recorrentes no filme. Danielle se vê constantemente sendo questionada sobre sua vida, e a frustração de não atender às expectativas de sua mãe e de sua comunidade se reflete na sua ansiedade.
A forma como o filme lida com essas pressões, e como Danielle lida com elas de maneiras diferentes (às vezes fugindo, outras vezes se enfrentando), oferece uma crítica interessante à forma como a sociedade exige conformidade.
Conclusão: Por que assistir Shiva Baby (2020)?

Shiva Baby (2020) é uma comédia dramática tensa e claustrofóbica que oferece uma crítica afiada à identidade, relações e pressões sociais. A atuação de Rachel Sennott como a protagonista é uma das principais razões para assistir a este filme, pois ela entrega uma performance brilhante e multifacetada.
Com uma direção inteligente e uma abordagem única de humor negro e tensão psicológica, o filme é uma excelente escolha para quem gosta de tramas que exploram a complexidade das relações humanas de forma honesta e audaciosa.
Se você procura um filme que desafia convenções e oferece uma visão interessante sobre identidade e aceitação, Shiva Baby é uma obra imperdível.
Assista ao trailer de “Shiva Baby”
No Brasil, “Shiva Baby” está disponível na Amazon Prime Video.