Review TBX | Explicando o final de ‘Eu Me Importo’: quando “o crime não compensa”
Entenda mais sobre ‘Eu Me Importo’, filme protagonizado por Rosamund Pike
Está ranqueado no TOP 10 da Netflix, o filme Eu Me Importo (I Care a Lot), dirigido por J Blakeson. Protagonizado por Rosamund Pike (Garota Exemplar), trata-se de um drama cômico e de suspense centralizado em Marla Grayson, uma mulher ambiciosa que ganha a vida aplicando golpe em idosos, tornando-se guardiã tutelar dos mesmos e controlando todas as suas posses. O problema acontece quando ela aplica o golpe na mãe de um homem extremamente perigoso que ameaça a sua vida e a de sua companheira.
O filme tem recebido boas críticas desde sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em 12 de setembro de 2020.
De maneira inteligente, o filme conduz paralelamente às vilanias de sua protagonista, temas importantes como machismo, desigualdade social, senilidade e ainda quebra o estereotipo de casais LGBTs em obras audiovisuais.
Entenda o Porquê
A principal sacada do filme é provocar o espectador colocando-o no lugar da personagem principal constantemente, apresentando o ponto de vista de Marla Grayson em relação ao mundo, onde, quem trabalha honestamente definha em dificuldades e remuneração injusta, enquanto o crime de fato compensa, pois traz lucros extraordinários.
Ao mesmo tempo, o título desafia o conceito de ética construída no espectador, onde no primeiro ato do longa, mostra a crueldade, ao internar idosos em suas plenas capacidades em clínicas de repouso, e no segundo ato, coloca a personagem como vítima de gente perigosa, destacando suas fragilidades e seus pontos fracos, como o amor que tem por sua companheira Fran.
Machismo
Outro ponto positivo da personagem, desempenhado com maestria pela atriz que interpreta, é o poder da mesma cativar quem assiste ao filme e despertar questões sociais críticas do cotidiano feminino. Como em momentos que homens, duvidam de sua capacidade, ou a ameaçam, depreciando diretamente seu caráter. Isso, além de incomodar a protagonista, mostra sua imposição frente aos mesmos problemas.
Desigualdade Social
O filme flerta diretamente com a empatia, ao dizer que quem tenta ganhar a vida honestamente, como a própria Marla afirma ter tentado, é cruelmente esmagada pela elite com baixas remunerações e doloridas humilhações.
Drama LGBT+ (?)
Na contramão de obras protagonizadas por casais LGBTs, nesta trama, o relacionamento entre Marla e Fran, ocorre naturalmente, de maneira pontual e sem discorrer da problemática clichê que comumente é abordada em filmes do gênero. Marla e Fran são totalmente seguras de sua sexualidade e a trama geral não dá foco a este detalhe, fazendo as características das personagens prevalecerem sobre suas orientações. Isso é um ponto positivo, visto que não estigmatiza um personagem exclusivamente por sua condição sexual.
O Fim (Alerta de Spoiler)
Quem assistiu o filme, pode ir da dor até a glória do casal formado por Marla e Fran, frente a todos os desafios encontrados no filme em busca do sucesso absoluto e da riqueza. Só que é nesse exato momento que a produção se redime, ao que tange o que é politicamente correto, e traz de volta um dos personagens iniciais, vítima da protagonista, desferindo um tiro bem no peito a vilã. É o momento em que a produção devolve ao espectador a ética que lhe foi roubada durante o longa, nos lembrando da “lei do retorno” e que, no final das contas, bem no fim, o crime não compensa.
Com figurinos extremamente refinados, cenografia moderna e câmera de takes abertos e estáticos, ‘Eu Me Importo’ nos coloca num espetáculo de fácil entendimento, nos desperta questões importantes e nos entrega um entretenimento de qualidade que sem dúvida vale a pena conferir.
Completam o elenco Peter Dinklage, Eiza González, Chris Messina e Dianne Wiest.
I Care a Lot, disponível na Netflix.
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