Um lado de Jim Carrey que poucos conheciam
Jim & Andy sem dúvidas é um documentário que deve ser assistido. Mas para que você entenda a profundidade do material que será apresentado será necessário conhecer algumas coisas antes.
Quem é Andy Kaufman?
Andy Kaufman foi um comediante novaiorquino, nascido em 1949, que ficou famoso na TV na série TÁXI. No entanto, fez seu nome antes imitando Elvis e passou a chamar atenção no meio por ter um tipo de humor ácido, muitas vezes mal interpretado, deixando as pessoas incomodadas. Esse era seu principal objetivo, incomodar. E foi o que causou quando passou a chamar mulheres para lutar contra ele em um ringue de luta, dizendo que homens eram melhores que mulheres. Tudo isso era apenas parte do seu show, mas nem todos sabiam, o que o tornou uma figura pública controversa. Andy morreu em 1984, quando foi diagnosticado de um câncer raro. Muitos ainda questionam sua morte, alegando que tudo não passa de mais uma de suas piadas mais sem graça.
Quem é Tony Clifton?
Tony Clifton está para Andy assim como Jo Calderone está para Lady Gaga. Trata-se de um personagem, um cantor de Las Vegas, mal educado, bêbado e desafinado. Criado por Andy, que por muitos anos negou a criação, dizendo ser um homem de verdade com vida própria.
Quem é Jim Carrey?
Jim Carrey é um premiado e excêntrico comediante americano, nascido em 1963.No início da carreira fazia stand ups em bares e passou a ganhar fama a partir do momento que entrou para o elenco de Saturday Night Live. Jim é o nome em destaque de filmes como, Debi e Lóide, Show de Truman e O Máskara. Atualmente fez pequenas participações em filmes, estando mais envolvido em produções nos bastidores.
Man on the Moon
Esse é um filme de 1999 que conta a vida e obra de Andy Kaufman, estrelado por Jim Carrey.
Método Stanislavski
O método Stanislavski é conhecido no mundo dos atores como “o método”. Existem muitos outros para conseguir chegar à profundidade do seu personagem. Mas se você aplica o Stanislavski você é considerado um pica da dramaturgia. Para ter uma noção, foi assim que Heath Ledger compôs seu Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas.
Jim & Andy: The Great Beyond
Jim & Andy é um documentário produzido pela Netflix que conta os bastidores das gravações do filme Man on the Moon, com entrevista e narração de Jim Carrey.
O que posso dizer é que comecei a ver esse documentário porque simplesmente apareceu na timeline e eu disse, ok. Não li sinopse, nem vi trailers. A verdade é que não gosto de Jim Carrey, acho sua interpretação bárbara, para um filme, depois a fórmula se repete, e repete, com as mesmas caras e mesmas “máscaras”. No entanto, já conhecia a história dos bastidores desse filme, e o quanto Jim havia sido profundo em empregar o método Stanislavski em sua atuação. Na verdade, em qualquer matéria sobre atores que se destacam por aplicar o método, o nome de Jim sempre encabeçara a lista.
Foi então que me surpreendi com a coragem do documentário em trazer o assunto a tona. Por Andy não ter sido tão conhecido no Brasil, talvez esse título não tenha sucesso aqui, mas reforço aos leitores que ao menos tentem. É interessante ver a veracidade que Jim tenta passar, ainda acreditando que durante aquele tempo não era mais dono de seu corpo (a história de Malibu e golfinhos é tocante). Também é interessante perceber como até mesmo o próprio Jim Carrey assume que o papel tinha um peso enorme sobre suas costas. Isso afetava sua carreira e o fazia se questionar sobre o futuro.
O documentário é muito rico em material e é simplesmente aterrorizante ver Jim infernizar a produção, às vezes tomado por Tony e outras por Andy. O documentário também é generoso em fazer comparações e contar a história dos seus dois objetos de estudo. Isso acaba por nos dar um panorama a ser analisado. Em alguns momentos, enquanto Jim fala, questionamos se ele realmente acredita ou acreditava naquilo, assim como Andy.
No fim, quando o produto acabado está entregue, o filme finalizado e o letreiro sobe, é perceptível o quanto o trabalho de Jim Carrey se igualou ao de Andy. Isso porque, mesmo detestados pela crítica, e se tornando figuras controversas em seu meio, eles fizeram seu nome por dar tudo de si para aquilo que acreditavam ser arte.
Não gosto de Jim e não conheci Andy, mas posso dizer que os dois juntos funcionam tão bem quanto Debi e Lóide.
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