Rififi: O Roubo Perfeito que Redefiniu o Cinema Policial Francês

0

Resenha do Filme ‘Rififi’ (1955): Um Clássico do Cinema Noir

Sinopse

“Rififi” é um filme francês de 1955 dirigido por Jules Dassin. A trama segue um grupo de criminosos que planejam e executam um assalto a uma joalheria em Paris. O líder do grupo, Tony le Stéphanois, é um ex-presidiário que deseja se vingar de um antigo parceiro que o traiu.

O assalto é meticulosamente planejado, mas as coisas começam a dar errado quando a polícia começa a investigar o crime. Com cenas de tensão e reviravoltas surpreendentes, “Rififi” é um clássico do cinema noir e um dos melhores filmes de assalto já feitos.

Saiba mais:

A História Real por Trás de Os Quatro da Candelária da Netflix

Crepúsculo de Heróis: A Jornada Épica de ‘Pistoleiros do Entardecer’

O Contexto Histórico e Cultural

“Rififi” foi lançado em um período pós-guerra, quando o cinema francês estava em plena transformação. A França dos anos 1950 era um caldeirão cultural, influenciada tanto pelo trauma da Segunda Guerra Mundial quanto pela ocupação nazista.

O cinema noir, com suas características de fatalismo, moralidade ambígua e atmosfera sombria, encontrou terreno fértil nesse contexto.

Jules Dassin, um diretor americano exilado na França devido à lista negra de Hollywood, trouxe uma perspectiva única ao gênero, combinando técnicas americanas com sensibilidades europeias.

A Trama e o Roteiro

O roteiro de “Rififi”, baseado no romance de Auguste Le Breton, é uma obra-prima de construção narrativa. A trama é dividida em duas partes principais: o planejamento e a execução do assalto, seguidos pelas consequências e a perseguição policial.

A primeira parte do filme é quase didática em sua atenção aos detalhes do planejamento do assalto, enquanto a segunda parte é uma montanha-russa de tensão e reviravoltas.

A Sequência do Assalto

A sequência do assalto em “Rififi” é frequentemente citada como uma das melhores cenas de roubo da história do cinema. Filmada em tempo real, a cena é um exemplo de precisão e controle.

A ausência de diálogos e música força o espectador a se concentrar nos pequenos detalhes – o som de uma broca, a respiração dos personagens, o estalo de uma fechadura.

Essa escolha estilística aumenta a imersão e a tensão, fazendo com que o público sinta cada segundo do assalto.

O Elenco e as Performances

trecobox.com.br rififi o roubo perfeito que redefiniu o cinema policial frances rififi

Jean Servais, no papel de Tony le Stéphanois, oferece uma performance poderosa e contida. Seu retrato de um homem endurecido pela vida e pela traição é ao mesmo tempo comovente e assustador.

Tony é um personagem complexo, movido por um código de honra pessoal que o coloca em conflito com o mundo ao seu redor.

Os coadjuvantes, incluindo Carl Möhner como Jo le Suédois e Robert Manuel como Mario Ferrati, também entregam performances memoráveis.

Cada membro do grupo de assaltantes traz uma personalidade distinta para a trama, contribuindo para a dinâmica de grupo que é essencial para o sucesso do assalto.

A Direção de Jules Dassin

Jules Dassin, um mestre do cinema noir, utiliza em “Rififi” uma abordagem meticulosa e detalhista. Cada cena é cuidadosamente construída para maximizar a tensão e o suspense.

A famosa sequência do assalto, que dura cerca de 30 minutos e é realizada sem diálogos ou música, é um exemplo brilhante de sua habilidade em criar uma atmosfera de suspense.

Dassin utiliza o silêncio para intensificar a tensão, fazendo com que cada som, por menor que seja, se torne crucial para a narrativa.

A Estética Noir

Visualmente, “Rififi” é um exemplar perfeito do cinema noir. A cinematografia de Philippe Agostini utiliza sombras profundas e contrastes fortes para criar uma atmosfera sombria e opressiva.

As ruas de Paris, com suas vielas escuras e becos sinuosos, são capturadas de maneira que quase se tornam um personagem próprio.

A paleta de cores em preto e branco contribui para o sentimento de desespero e inevitabilidade que permeia o filme.

Temas e Subtextos

“Rififi” explora temas clássicos do noir, como traição, vingança e moralidade ambígua. Tony le Stéphanois é um anti-herói típico, um homem que vive à margem da sociedade e segue seu próprio código de ética.

Sua busca por vingança contra um antigo parceiro que o traiu é o motor da trama, mas também levanta questões sobre lealdade e justiça.

Outro tema importante é a inevitabilidade do destino. Apesar do planejamento meticuloso, o assalto começa a desmoronar devido a fatores fora do controle dos personagens. Esse fatalismo é uma marca registrada do cinema noir e é explorado de maneira brilhante em “Rififi”.

A Recepção Crítica

Na época de seu lançamento, “Rififi” foi aclamado pela crítica e pelo público.

O filme ganhou o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes de 1955, solidificando a reputação de Jules Dassin como um dos grandes diretores do cinema noir.

A crítica elogiou a direção precisa, o roteiro bem construído e as performances fortes do elenco.

A Influência de ‘Rififi’

“Rififi” teve um impacto duradouro no gênero de filmes de assalto e no cinema noir. Sua abordagem detalhista e realista influenciou inúmeros filmes posteriores, desde “O Grande Golpe” de Stanley Kubrick até “Onze Homens e um Segredo” de Steven Soderbergh.

A sequência do assalto, em particular, é frequentemente citada como uma referência em termos de construção de suspense e narrativa visual.

Onde Assistir ‘Rififi’

Atualmente, “Rififi” infelizmente não está disponível para streaming no Brasil.

Considerações Finais

“Rififi” é um clássico atemporal que continua a cativar audiências com sua combinação de direção magistral, roteiro envolvente e performances memoráveis.

É um filme que não apenas define o gênero de assalto, mas também exemplifica o melhor do cinema noir. Para qualquer amante do cinema, “Rififi” é uma obra indispensável que merece ser vista e revisitada.

Ficha Técnica

Título Original: Du rififi chez les hommes

Direção: Jules Dassin

Roteiro: Jules Dassin, René Wheeler, Auguste Le Breton

Elenco: Jean Servais, Carl Möhner, Robert Manuel, Jules Dassin

Cinematografia: Philippe Agostini

Edição: Roger Dwyre

Música: Georges Auric

País de Origem: França

Ano de Lançamento: 1955

Gênero: Policial

Duração: 118 minutos

Rotten Tomatoes: 93% de aprovação da crítica