O personagem do quadrinho inglês chega ao auge dos seus 40 anos.
O justiceiro cyberpunk mais durão das dimensões. Esse é Juiz Dredd, personagem icônico das HQ’s da revista 2000AD, no Reino Unido.
Com sua primeira aparição em 1977, o herói se auto-declara como a própria lei, e assim o é. Criado por John Wagner e Carlos Ezquerra, Dredd é um vigilante existente num futuro apocalíptico. Em 2099 para ser mais exato, onde a criminalidade chega a níveis colossais e uma espécie de evolução dos policiais, intitulados como juízes, tem ao mesmo tempo a função de prender, julgar e executar a lei sobre os delinquentes ultraviolentos. Junto a outros de mesma patente, ele atua na perigosa megalópole Mega City One.
Longe de ser mais uma HQ’s fantasiosa e colorida como Superman e Wonder Woman, este herói licenciado pela DC em 1990, tem a realidade muito próxima daquela de policiais de grandes centros urbanos, onde, no contraste entre favelas e imponentes bairros nobres, estes profissionais passam a fazer muito mais do que somente prender os criminosos.
Em Juiz Dredd, você encontra personagens típicos de nossa distópica arquitetura social, como assassinos, traficantes e menores infratores. No entanto, na realidade futurística e cyberpunk estes criminosos muitas vezes são providos de poderes mutantes, psíquicos e telecinéticos, o que faz necessário ações com toda a completude da lei, executada pelos juízes.
Outro fator social de criação e existência de Juiz Dredd, está diretamente ligado a década de 70, onde ele nasceu. A rebeldia, a juventude britânica, o punk rock e os ideais de anarquia frente a uma época de incertezas quanto a guerra nuclear, fazem deste personagem ao mesmo tempo herói para uns e algoz para outros, dando a Juiz Dredd ares de repressor. E talvez assim fosse por algum momento no passado, mas nem de longe esgota a função deste icônico personagem.
Dredd tem família, um passado, medos e anseios. Tais características o humanizam enquanto personagem e insere questionamentos que vão muito mais além do que as programadas missões de capturar, julgar e executar. Isso o torna cativo entre os leitores.
A repercussão de Juiz Dredd é tanta que chega a se estender para outras mídias. O título Judge Dredd de 1995 protagonizada por Stallone, apesar de bonita aos olhos, teve roteiro totalmente confuso devido a alterações do próprio ator durante as filmagens. O segundo filme de 2012, protagonizado por Karl Urban, trás um pouco do clima dos quadrinhos, mas não consegue traduzir a complexidade de Mega City One. Isso faz por vezes Juiz Dredd ser um herói incompreendido.
Nos games não foi diferente. O game para o console Mega-Drive na década de 90, reproduz a confusão do filme de Silvester Stallone: muita dificuldade e cenas de ação, em meio a uma história confusa e sem continuidade. Judge Dredd: Dredd Vs. Death de 2003, foi um fiasco em primeira pessoa, produzido para Microsoft Windows, Xbox, PlayStation 2, e GameCube.
E vamos falar de Death. Aí sim está um personagem que se consolidou como o principal antagonista do herói. Juiz Death é a encarnação mais pura do mal de um rapaz chamado Sidney De’ath. Ele equivale a Juiz Dredd em força, mas com uma aparência deformada comparada a um juiz comum. É o pior inimigo de Dredd. Existe em um universo paralelo no mundo dos mortos (Deadworld), onde o crime é simplesmente o fato de estar vivo, já que somente seres viventes cometem crimes. Se há um quadrinho que sintetiza todo o universo de Dredd e todos os seus antagonismos, este quadrinho é o icônico Juiz Dredd nas garras do Juiz Morte, e aí se encontra a nossa mais preciosa recomendação do artigo que você lê neste momento. O quadrinho ainda é vendido pela Editora Mythos em sua versão encadernada, de 240 páginas que custa por volta de 80 reais. Como havia dito anteriormente, a temática de Juiz Dredd o fez impopular no Brasil, causando baixas nas vendas obrigando a editora a reduzir as publicações apenas a edições especiais.
O que não faz de Juiz Dredd menos digno de sua leitura. Pelo contrário faz do herói uma peça rara de se encontrar e algo importante de se conhecer. Um verdadeiro quadrinho para ler antes de morrer.