High Fidelity: A Comédia Romântica Musical que Reinventou um Clássico com Perspectiva Feminina

0

A série High Fidelity, lançada em 2020 pelo serviço de streaming Hulu, representa uma das mais ousadas e bem-sucedidas releituras contemporâneas de uma obra clássica.

Inspirada no livro de Nick Hornby e no filme homônimo de 2000 estrelado por John Cusack, a nova versão trouxe mudanças significativas — a mais impactante delas, a troca de perspectiva: agora, a história é contada sob o olhar feminino e moderno de Robyn “Rob” Brooks, vivida por Zoë Kravitz.

Leia mais:

Suspense Britânico Contemporâneo em Alta: Sherwood é o Drama Político que Você Precisa Conhecer

Corporate: A Comédia Sombria que Escancara o Absurdo do Mundo Corporativo

O que é High Fidelity?

9bcqoHg8771g3GjJMfedhMgatU6
Imagem: The Movie Database

Um clássico reinventado

High Fidelity foi originalmente um romance lançado em 1995, e ganhou notoriedade com a adaptação cinematográfica de 2000.

Ambas as versões exploram temas como amor, perda, nostalgia e obsessões musicais, centradas em um protagonista masculino dono de uma loja de discos. A série de 2020, porém, subverte essa fórmula ao colocar uma mulher no centro da narrativa, trazendo frescor e relevância para um público atual.

A trama da série

Ambientada no vibrante bairro do Brooklyn, em Nova York, High Fidelity acompanha Rob, uma jovem apaixonada por música que gerencia sua própria loja de discos, a Championship Vinyl.

Entre vinis, conversas sarcásticas e listas musicais temáticas, Rob revisita seus cinco términos amorosos mais significativos em busca de respostas sobre sua vida amorosa — e, claro, sobre si mesma.

Elenco e Personagens

Zoë Kravitz como Robyn “Rob” Brooks

Filha de Lenny Kravitz e Lisa Bonet (que curiosamente participou do filme original), Zoë Kravitz entrega uma performance cativante. Sua Rob é irônica, apaixonada e melancólica, mas também incrivelmente humana e relacionável.

David H. Holmes como Simon

Simon é o ex-namorado de Rob que revela ser gay, e um de seus relacionamentos mais importantes. Ele também trabalha com ela na loja de discos e tem seu próprio episódio centrado, ampliando a representação LGBTQIA+ na série.

Da’Vine Joy Randolph como Cherise

Cherise é a funcionária mais extrovertida da loja, que sonha em montar uma banda. Com seu timing cômico perfeito, ela rouba várias cenas e representa o lado mais leve da série.

Estrutura Narrativa

Listas musicais como narrativa

A série faz uso criativo de listas musicais como estrutura narrativa, exatamente como no livro e no filme.

Rob enumera seus “Top 5 términos”, seus “Top 5 álbuns para curar um coração partido”, entre outras listas, sempre trazendo trilhas sonoras cuidadosamente escolhidas que dialogam com os eventos da história.

Quebra da quarta parede

Seguindo o estilo do filme de 2000, High Fidelity também utiliza o recurso de quebra da quarta parede — Rob frequentemente fala diretamente com a câmera, o que reforça a conexão com o espectador e oferece uma camada extra de intimidade e humor.

Temas Principais

Amor moderno e relacionamentos

High Fidelity explora as nuances dos relacionamentos contemporâneos sob uma lente honesta e emocionalmente complexa.

Rob não é uma heroína tradicional: ela comete erros, foge da responsabilidade emocional e se autossabota — tudo isso sendo contada de forma empática e sem julgamentos.

Nostalgia e cultura pop

A série é um verdadeiro prato cheio para os amantes da cultura pop.

Referências a álbuns icônicos, músicas alternativas, filmes clássicos e debates sobre artistas como Bowie, Prince e Nick Drake são constantes. High Fidelity não apenas homenageia a cultura musical, mas a utiliza como ferramenta narrativa.

Representatividade

Além da troca de gênero do protagonista, a série traz uma abordagem mais inclusiva. A diversidade está presente no elenco, nas orientações sexuais e nas histórias contadas.

O personagem Simon, por exemplo, tem um episódio inteiro dedicado à sua jornada amorosa, mostrando a série como uma plataforma de vozes diversas.

Trilha Sonora: Uma Personagem à Parte

Em uma série como High Fidelity, a trilha sonora não é apenas pano de fundo — é parte integral da experiência. Desde clássicos do rock alternativo até soul e indie pop contemporâneo, cada música é escolhida a dedo para compor o clima de cada cena.

Destaques musicais

  • “I Can’t Stand the Rain” – Ann Peebles
  • “Come On Eileen” – Dexys Midnight Runners
  • “Fade Into You” – Mazzy Star
  • “Till It Hits the Ground” – Nicole Atkins

A curadoria musical funciona como um diário emocional da protagonista, o que torna cada episódio ainda mais imersivo.

Impacto e Recepção

Críticas positivas

High Fidelity foi amplamente elogiada pela crítica por sua abordagem inovadora, roteiro afiado e performance de Zoë Kravitz.

Apesar de ter sido cancelada após apenas uma temporada, a série conquistou um público fiel e foi apontada como uma das melhores estreias de 2020 por veículos como Rolling Stone e The Guardian.

Cancelamento precoce

Infelizmente, mesmo com aclamação da crítica e uma base de fãs apaixonada, a série não foi renovada. Muitos atribuíram o cancelamento à reorganização da plataforma Hulu na época, mas o legado de High Fidelity permanece como uma produção cult moderna.

Conclusão

irz8mYi2jsQgwtApCpGGXcKEku2
Imagem: The Movie Database

High Fidelity é muito mais do que uma simples adaptação. É uma obra independente, com personalidade própria, que honra suas origens enquanto oferece uma nova perspectiva poderosa e contemporânea.

Com uma protagonista feminina complexa, trilha sonora impecável e narrativa envolvente, a série mostra que o amor e a música continuam sendo uma combinação irresistível — especialmente quando contados de forma honesta e original.

Se você é fã de comédias românticas com alma musical, representatividade real e diálogos afiados, High Fidelity é uma parada obrigatória.

Assista ao trailer de “High Fidelity”

No Brasil, “High Fidelity” está disponível no Disney+.