Feliz! (2017-2019): Uma comédia de ação bizarra e ultraviolenta com um toque de fantasia insana
Feliz! (2017-2019) é uma daquelas séries que desafiam qualquer classificação tradicional.
Mistura de comédia de humor negro, ação frenética, violência gráfica e fantasia surreal, o seriado, exibido originalmente pelo canal Syfy, é baseado na HQ de Grant Morrison e Darick Robertson. O resultado? Uma experiência audiovisual ousada, absurda e, acima de tudo, viciante.
Estrelada por Christopher Meloni (o eterno detetive Elliot Stabler de Law & Order: SVU), a série acompanha a jornada de um ex-policial decadente que, após um evento traumático, começa a ver — e conversar com — um unicórnio azul imaginário chamado Feliz, dublado por Patton Oswalt.
A premissa, por mais absurda que pareça, é apenas o ponto de partida para mergulhar em um universo de corrupção, crime organizado, seitas apocalípticas, reality shows grotescos e psicopatas natalinos.
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A trama insana de Feliz! (2017-2019)

Nick Sax (Christopher Meloni) é um ex-policial que perdeu tudo: carreira, família, dignidade e sanidade. Agora, ele vive como um assassino de aluguel alcoólatra e autodestrutivo.
Sua vida muda radicalmente quando, após um ataque cardíaco, começa a ver Feliz, um animado unicórnio azul voador e falante que insiste em ajudá-lo a resgatar uma menina sequestrada — que, por acaso, é sua filha, embora ele não saiba disso no início.
O unicórnio é o amigo imaginário da garota e acredita que Nick é o único que pode salvá-la. A partir daí, começa uma jornada de redenção cheia de tiroteios insanos, torturas bizarras, alucinações psicodélicas e vilões grotescos, como o “Papai Noel do Mal”.
Ao longo de suas duas temporadas, Feliz! (2017-2019) escala rapidamente do absurdo ao caótico, sempre com uma pitada de crítica social embutida sob camadas de sangue e sarcasmo.
A primeira temporada foca no resgate da criança, enquanto a segunda mergulha em conspirações religiosas e um plano para dominar mentes através da cultura pop infantil.
Christopher Meloni e o brilhantismo no caos
O grande trunfo de Feliz! (2017-2019) é a atuação de Christopher Meloni, que se entrega completamente ao papel de Nick Sax. Alternando entre o violento, o trágico e o cômico, ele domina cada cena com uma fisicalidade explosiva e um carisma que torna crível até mesmo as situações mais absurdas.
A dinâmica entre Meloni e a voz espirituosa de Patton Oswalt — como o otimista e colorido Feliz — cria um contraste hilário e emocional.
Enquanto Nick é niilista, sujo e desencantado, Feliz é puro, infantil e idealista. Essa oposição funciona como o motor da narrativa, funcionando tanto como comédia quanto como fábula distorcida sobre trauma e esperança.
Estilo visual: o delírio como linguagem
Feliz! (2017-2019) é um verdadeiro carnaval visual. Com direção estilizada, edição frenética e efeitos visuais exagerados, a série aposta em um visual carregado, colorido e perturbador.
O sangue jorra como em desenhos animados, os vilões parecem saídos de um pesadelo infantil, e as transições entre cenas são repletas de psicodelia e nonsense.
As influências vão desde quadrinhos pulp até o cinema exploitation, passando por referências ao universo natalino distorcido e às animações infantis. O resultado é uma estética própria, que beira o experimental, mas que nunca perde a coerência dentro de sua loucura particular.
Humor negro e violência como crítica social
Apesar da aparência caótica, Feliz! (2017-2019) tem um roteiro que sabe usar o exagero para comentar questões reais.
Corrupção institucional, hipocrisia religiosa, exploração da infância pela mídia e trauma psicológico são temas recorrentes — tratados com uma ironia mordaz e um humor ácido que lembra séries como Preacher e The Boys.
A série também explora o arquétipo do herói quebrado de forma mais literal do que simbólica.
Nick Sax não é apenas um anti-herói: ele é o retrato da falência moral e emocional do sistema, alguém que perdeu tudo, mas que ainda é puxado para o centro da ação por um resquício de humanidade — simbolizado por uma criatura infantil feita de pura imaginação.
A segunda temporada e o fim prematuro
Feliz! (2017-2019) teve apenas duas temporadas, mas deixou uma marca profunda no catálogo de produções alternativas. A segunda temporada mergulha ainda mais fundo no absurdo, com temática natalina levada ao extremo, sátira religiosa e cenas tão bizarras quanto desconcertantes.
Infelizmente, a série foi cancelada pelo Syfy após a segunda temporada, deixando um gostinho de “quero mais”. Ainda assim, o arco principal foi concluído, e a série encontrou seu espaço como uma produção cult para os fãs de humor sombrio e narrativas fora do convencional.
Por que assistir Feliz! (2017-2019) hoje?
Se você busca uma série diferente de tudo que já viu, Feliz! (2017-2019) é uma experiência imperdível. Ela desafia gêneros, quebra expectativas e entrega uma narrativa que equilibra ação violenta, humor absurdo e um toque surpreendente de emoção genuína.
Não é uma série para todos — e nem pretende ser. Mas para quem aprecia histórias que flertam com o grotesco e o imaginativo, este é um verdadeiro achado.
Conclusão

Feliz! (2017-2019) é um exemplo de como a televisão pode ser ousada, criativa e imprevisível. Em um mar de produções padronizadas, a série se destaca como um delírio estilístico que mistura violência extrema, fantasia infantil e crítica social com originalidade rara.
Com atuações marcantes, estética singular e uma trama envolvente, Feliz! (2017-2019) é um prato cheio para quem gosta de sair da zona de conforto — e mergulhar no caos com um sorriso maníaco no rosto.
Assista ao trailer de “Feliz!”
No Brasil, “Feliz!” está disponível na Netflix.