Entenda como The Last of Us evitou o maior problema de The Walking Dead
Sendo duas séries apocalípticas, muitos fãs comparam as duas produções
Após a primeira temporada de The Last of Us, agora é o momento perfeito para olhar para trás na série da HBO e ver como ela se compara a outras características do gênero de terror zumbi.
A mais popular dessas comparações é com outro sucesso, The Walking Dead, da AMC, e é fácil entender por quê. Ambos são adaptações de obras icônicas em outras mídias, e ambos foram o assunto da semana durante suas exibições na TV, então é inevitável colocá-los um contra o outro para ver qual programa fica por último.
Como The Last of Us evita o maior problema de The Walking Dead
Na verdade, existem muitas semelhanças entre os dois, mas o sentimento geral é que The Last of Us trouxe mais para a mesa do que sua contraparte.
Em termos de história, ambas as séries adotam uma abordagem semelhante, focando em como os humanos são o verdadeiro perigo após o apocalipse, mesmo quando há zumbis literais andando por aí. Essa premissa, junto com seus impressionantes conjuntos de personagens principais, é o que os tornou os sucessos que são agora, mas há uma grande diferença em como cada um trabalha com sua própria história para explorar essa ideia.
Dito isto, o sentimento predominante é que The Last of Us realmente trouxe mais para a mesa do que The Walking Dead, evitando muitos dos erros do programa mais antigo. Por que?
Suas plataformas são tão importantes quanto suas histórias
Uma adaptação live-action de The Last of Us já circulava há muito tempo antes que a HBO a pegasse. Era para ser um filme da Screen Gems com um tom completamente diferente, mas acabou sendo descartado.
Quando a HBO decidiu desenvolver o projeto, eles trouxeram Neil Druckmann, um dos criadores do jogo original da Naughty Dog, e Craig Mazin, que anteriormente desenvolveu o seriado de sucesso Chernobyl com a HBO. A dupla foi incumbida de adaptar a peça para a televisão como parte do tradicional formato à cabo premium de curta temporada da HBO.
Do outro lado está The Walking Dead, um dos carros-chefe da AMC. O jogo The Last of Us, que chegou à televisão a cabo convencional, era bem diferente da adaptação em quadrinhos de Robert Kirkman.
O programa teve que trabalhar por uma temporada mais longa, completa com o meio da temporada e o final, e não tinha fim à vista, enquanto a execução do quadrinho original não terminou quando foi ao ar na TV. Esse fator por si só coloca The Walking Dead mais próximo de Game of Thrones do que The Last of Us, forçando os escritores a planejar preencher as lacunas ainda não preenchidas pelo material de origem.
The Last of Us vai ao ar na HBO e HBO Max ao mesmo tempo, mas foi projetado para streaming, enquanto sua contraparte tinha um propósito completamente diferente. Agora, The Walking Dead está tentando acompanhar o cenário atual da indústria do entretenimento com muitos spin-offs diferentes, alguns já concluídos, outros ainda em desenvolvimento.
Nenhum deles teve o mesmo sucesso do programa principal, e o fato de ter tido muitos altos e baixos durante sua transmissão mostra o quanto foi afetado pela natureza mutável da indústria.
A mídia original estabelece diferentes padrões de fidelidade ao material de origem
A grande diferença entre suas plataformas já apresenta conjuntos de desafios completamente diferentes para The Last of Us e The Walking Dead, mas também há a questão de seus materiais de origem.
Um videogame é um gênero completamente diferente de uma história em quadrinhos, e isso deve ser levado em consideração na hora da adaptação. O jogo deve ter um tempo total de execução de cerca de 14 horas, enquanto os quadrinhos de The Walking Dead duram 16 anos. Quando for levado para a tela, é claro que haverá diferenças em relação ao material de origem.
Para The Last of Us, isso significou uma história muito dinâmica, com enredos compactos e um ritmo muito acelerado. Uma das principais reclamações sobre isso é que, para um show de terror de zumbis, faltam zumbis. Isso é justo, mas também provou que os mortos-vivos não são realmente o assunto do show.
O apocalipse é apenas um cenário para a trama principal, não a trama em si, e não se esquivou de retratar os humanos como um perigo real. Vilões como Kathleen (Melanie Lynskey) e David (Scott Shepherd) aparecem e recebem o que merecem geralmente em não mais do que um episódio.
Por outro lado, The Walking Dead tinha longos arcos de história, às vezes focando em um único personagem em um episódio. Arcos curtos dos quadrinhos, como aquele com o Governador (David Morrissey), foram estendidos por temporadas inteiras, a ponto de termos episódios que entraram na história, mas poderiam facilmente ter tido um conteúdo maior em vez de focar em um único personagem.
É interessante entender o que impulsiona um personagem, e The Walking Dead tinha muitas atrações desde o início, mas perdeu a noção de como mantê-las envolventes. No final, o show estava quase irreconhecível para o espectador casual que o assistiu no início, com tantos novos personagens girando na lista principal e ganhando tanto tempo na tela.