Ensina-me a Viver (Harold and Maude, 1971): A Comédia Dramática que Celebra a Vida através do Humor Negro
Lançado em 1971, Ensina-me a Viver (Harold and Maude), dirigido por Hal Ashby, é um filme que mistura comédia dramática, humor negro e um toque de surrealismo.
Com uma trama que gira em torno de um jovem chamado Harold, obcecado pela morte, e uma senhora idosa e excêntrica chamada Maude, que vive com uma intensidade que contrasta completamente com a de Harold, o filme explora temas como a morte, a vida e a importância de viver plenamente.
Embora inicialmente tenha sido um fracasso comercial, Ensina-me a Viver foi, com o tempo, reconhecido como um clássico cult, ganhando uma legião de admiradores e sendo considerado uma obra-prima do cinema de humor negro.
A relação entre Harold e Maude, que desafia convenções sociais e culturais, é o centro do filme, oferecendo uma reflexão profunda sobre a morte, o sentido da vida e as inesperadas conexões humanas.
Neste artigo, vamos explorar o enredo, os temas centrais, o impacto cultural e a importância de Ensina-me a Viver, analisando o que torna esse filme tão único e relevante até hoje.
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A História de “Ensina-me a Viver”

Harold: O Jovem Obcecado pela Morte
Harold (interpretado por Bud Cort) é um jovem de 20 anos que vive com sua mãe em uma casa elegante, mas fria e distante.
A obsessão de Harold pela morte é evidente desde o início do filme, quando ele organiza elaborados e bizarros rituais de simulação de suicídio e frequenta funerais como uma forma de escapar da monotonia de sua vida.
Ele se vê em uma espécie de isolamento emocional, sentindo-se desconectado do mundo ao seu redor. Sua busca constante por morte e seu comportamento excêntrico são manifestações de seu vazio interior e da busca por algo mais profundo.
Apesar de sua obsessão pela morte, Harold não é um personagem negativo; sua busca por significado é, na verdade, uma tentativa de lidar com o vazio e a falta de propósito que sente em sua vida.
Essa luta é intensificada pela relação com sua mãe, uma mulher dominante e desinteressada, que tenta controlar sua vida e decisões.
Maude: A Senhora Excêntrica e Cheia de Vida
Por outro lado, Maude (interpretada por Ruth Gordon) é uma senhora idosa de 79 anos com uma perspectiva de vida totalmente oposta à de Harold. Maude é uma mulher excêntrica, cheia de energia e amor pela vida, que tem uma abordagem irreverente em relação à sua própria existência.
Ela vive sem medo da morte e acredita que a vida é para ser aproveitada ao máximo, independentemente da idade. Maude não apenas ignora as convenções sociais, mas também as desafia com seu comportamento imprevisível, o que a torna uma figura única no universo do cinema.
O encontro entre Harold e Maude acontece quando eles se conhecem em um funeral, onde ambos, de maneiras diferentes, se sentem atraídos pela experiência da morte.
Maude, no entanto, imediatamente traz Harold de volta à realidade, ensinando-lhe que viver plenamente é a verdadeira chave para escapar do vazio existencial.
A Inusitada Amizade: A Jornada de Harold e Maude
O que começa como uma amizade improvável entre dois personagens tão diferentes se desenvolve ao longo do filme em uma relação profunda e transformadora.
Maude, com sua visão única da vida, torna-se a mentora de Harold, mostrando-lhe que a vida deve ser abraçada, e não temida. Através de suas interações, Maude ensina Harold a valorizar as pequenas coisas, a ser mais espontâneo e a encontrar alegria nas experiências cotidianas.
Apesar da diferença de idade, a relação entre os dois vai além da amizade. Harold começa a se apaixonar por Maude, e a relação deles questiona as normas sociais e os tabus sobre o que é aceitável em um relacionamento.
O filme não trata essa diferença de idade como um problema, mas sim como uma metáfora para a capacidade humana de transcender as expectativas e se conectar com os outros em um nível mais profundo.
Os Temas de “Ensina-me a Viver”
A Morte e a Vida: O Conflito Central
Ensina-me a Viver explora a complexa relação entre vida e morte de uma forma única e humorística. Harold, obcecado pela morte, encontra em Maude alguém que não tem medo da morte, mas que vive cada momento de sua vida com uma intensidade vibrante.
Maude vê a morte como uma parte natural do ciclo da vida, e seu comportamento e filosofia de vida refletem essa perspectiva. Para ela, a morte é apenas um fim inevitável, e enquanto isso não acontece, o mais importante é viver com liberdade, criatividade e prazer.
Harold, por outro lado, tem dificuldade em entender essa visão. Ele vê a morte como uma forma de escape de suas frustrações e desesperança.
A amizade com Maude, no entanto, muda sua perspectiva, fazendo-o perceber que a verdadeira liberdade está em viver plenamente, em vez de temer o fim inevitável.
Humor Negro e Crítica Social
Uma das características mais marcantes de Ensina-me a Viver é seu humor negro, que serve como uma ferramenta para abordar questões profundas como a morte, o vazio existencial e as convenções sociais.
O filme utiliza o humor para aliviar a gravidade de seus temas, tornando-os acessíveis e, ao mesmo tempo, reflexivos.
A comédia surge das situações absurdas e inusitadas nas quais os personagens se encontram, como os rituais excêntricos de Harold ou as ações imprevisíveis de Maude.
Além disso, o filme critica as normas sociais e as expectativas impostas pela sociedade. A relação entre Harold e Maude, por exemplo, é uma violação das convenções sociais sobre o que é aceitável, especialmente no que diz respeito à diferença de idade e ao comportamento de uma mulher idosa.
No entanto, o filme nunca julga essa diferença, desafiando as normas de forma libertadora e apresentando uma visão mais aberta sobre a vida e os relacionamentos humanos.
Amor e Libertação
No coração de Ensina-me a Viver está a ideia de que o amor – seja ele romântico, platônico ou mesmo existencial – é a chave para a libertação pessoal. A relação entre Harold e Maude é uma expressão de como o amor pode libertar as pessoas de suas prisões internas, de seus medos e limitações.
Harold, inicialmente um jovem solitário e obcecado pela morte, é transformado pela presença de Maude, que o ensina a se conectar com a vida de maneira genuína e sem medo.
O amor em Ensina-me a Viver não segue as convenções tradicionais, mas é, ao contrário, uma força redentora que desafia as normas sociais e pessoais, permitindo que Harold se liberte de seu passado e de suas angústias.
O Legado de “Ensina-me a Viver”
Recepção Crítica e Culto Posterior
Embora tenha sido um fracasso comercial no lançamento, Ensina-me a Viver ganhou status de filme cult ao longo dos anos, com uma base de fãs fiel e crescente.
A interpretação irreverente de Ruth Gordon como Maude, a direção única de Hal Ashby e o roteiro original de Colleen McCullough fizeram do filme uma obra-prima que é reverenciada até hoje.
A visão filosófica do filme sobre a vida, a morte e a liberdade, com uma combinação de comédia e drama, continua a ressoar com os espectadores.
Ensina-me a Viver também influenciou uma série de outros filmes e cineastas, que se inspiraram em seu estilo de humor negro e em sua exploração de temas existenciais.
Conclusão

Ensina-me a Viver é um filme que transcende as convenções do gênero de comédia e drama, oferecendo uma reflexão profunda sobre os significados da vida e da morte.
A relação entre o jovem Harold e a idosa Maude é uma lição de como o amor e a liberdade podem transformar a vida, mesmo nas circunstâncias mais improváveis.
Com seu humor negro e sua crítica às normas sociais, o filme se mantém relevante, tocando questões universais sobre a busca por sentido e a importância de viver plenamente.
Ensina-me a Viver continua a ser uma obra cult que desafia as expectativas e inspira aqueles que a assistem a viver de forma mais verdadeira e livre.
Assista ao trailer de “Ensina-me a Viver”
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