“Dopesick”: A minissérie que escancara a crise de opioides nos EUA e o papel da Purdue Pharma
Lançada em 2021 pela plataforma Hulu, “Dopesick” é uma minissérie dramática baseada no livro best-seller de Beth Macy. A obra audiovisual mergulha profundamente na epidemia de opioides que devastou os Estados Unidos nas últimas décadas.
Com uma narrativa forte e atuações impactantes, a produção expõe como a indústria farmacêutica, especialmente a Purdue Pharma, foi peça central no colapso de comunidades inteiras, impulsionado pela comercialização agressiva do OxyContin.
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O que é a minissérie “Dopesick”?
“Dopesick” é composta por 8 episódios e traz um elenco estrelado com nomes como Michael Keaton, Kaitlyn Dever, Peter Sarsgaard e Rosario Dawson.
A trama costura múltiplas linhas temporais e pontos de vista — desde executivos da Purdue Pharma até médicos de pequenas cidades, passando por vítimas e agentes federais.
Base factual: O livro que deu origem à série
A minissérie é inspirada no livro “Dopesick: Dealers, Doctors and the Drug Company that Addicted America”, de Beth Macy. A autora investigou durante anos como a prescrição em massa de opioides, especialmente o OxyContin, levou a uma das maiores crises de saúde pública dos EUA.
A crise de opioides nos Estados Unidos
Contexto histórico da epidemia
A crise de opioides nos Estados Unidos começou a ganhar força no final dos anos 1990, quando medicamentos como o OxyContin começaram a ser amplamente prescritos para dores crônicas.
Fabricado pela Purdue Pharma, o fármaco era promovido como seguro e de baixo risco de dependência — uma afirmação que, mais tarde, se provou catastrófica.
Purdue Pharma e o papel central no vício em massa
O nascimento do OxyContin
O OxyContin foi lançado em 1996, com uma campanha de marketing agressiva liderada pela Purdue Pharma, controlada pela influente família Sackler. A empresa garantiu aos médicos que o risco de dependência era inferior a 1%, com base em estudos frágeis e manipulados.
Campanhas de marketing e suborno
Com estratégias de persuasão envolvendo brindes, bônus e viagens luxuosas, representantes farmacêuticos conseguiram influenciar profissionais de saúde a prescrever OxyContin indiscriminadamente.
A série ilustra esse processo com precisão, revelando como comunidades inteiras foram seduzidas e posteriormente devastadas.
Dopesick: Personagens que refletem a realidade
Dr. Samuel Finnix (Michael Keaton): A dualidade médica
Um dos personagens centrais de Dopesick é o Dr. Samuel Finnix, interpretado por Michael Keaton.
O personagem simboliza muitos médicos que, acreditando nos dados fornecidos pela Purdue Pharma, prescreveram o OxyContin em boa fé — apenas para descobrir mais tarde os efeitos devastadores da dependência.
Betsy Mallum (Kaitlyn Dever): A vítima invisível
Betsy é uma jovem mineira que sofre um acidente e recebe OxyContin como tratamento. Seu arco dramático revela a trajetória comum de milhares de americanos que passaram da dor física ao vício químico, culminando em overdose e, muitas vezes, morte.
Agentes da DEA e procuradores federais
A série também acompanha agentes da Drug Enforcement Administration (DEA) e promotores públicos que lutaram contra o poder político e econômico da Purdue para responsabilizá-los judicialmente. Esses personagens simbolizam os poucos que ousaram desafiar o status quo.
Impacto social e judicial após Dopesick
Reações públicas à série
Desde sua estreia, Dopesick tem sido aclamada por público e crítica. Além de prêmios e indicações, como o Emmy de Melhor Ator para Michael Keaton, a série reacendeu debates sobre a regulação da indústria farmacêutica e os limites da propaganda médica.
Consequências legais para a Purdue Pharma
Em 2020, a Purdue Pharma declarou falência e fechou um acordo de mais de US$ 8 bilhões com o governo norte-americano. A família Sackler, no entanto, conseguiu manter boa parte de sua fortuna e evitou prisão — uma realidade que também é abordada de forma crítica em Dopesick.
Por que assistir Dopesick é essencial
Um alerta social e político
Mais do que entretenimento, Dopesick é uma denúncia contundente. Ela mostra como o capitalismo selvagem, quando aliado à desinformação médica, pode criar crises de saúde pública duradouras.
Empatia e conscientização
Ao humanizar os usuários, médicos e até os agentes da lei, a série promove uma reflexão necessária sobre os estigmas que envolvem o vício em drogas prescritas.
Dopesick e o futuro das narrativas sobre saúde pública
Outras produções similares
Após o sucesso de Dopesick, outras produções foram lançadas, como Painkiller (Netflix, 2023), que também aborda o papel da Purdue Pharma. No entanto, Dopesick se destaca por seu comprometimento com a fidelidade histórica e pela profundidade emocional.
A importância da arte na denúncia social
Narrativas como Dopesick mostram como o audiovisual pode contribuir para a formação de opinião pública, pressionar por mudanças legislativas e dar voz a vítimas frequentemente silenciadas.
Conclusão: O legado de Dopesick

“Dopesick” não é apenas uma minissérie; é um documento histórico e uma ferramenta de conscientização.
Com roteiro envolvente, personagens marcantes e uma abordagem sensível, a obra cumpre seu papel de expor a realidade sombria da epidemia de opioides e o papel nefasto da Purdue Pharma.
Mais do que contar uma história, Dopesick nos obriga a perguntar: quantas outras crises de saúde estão sendo construídas hoje, silenciosamente?
Assista ao trailer de “Dopesick”
No Brasil, “Dopesick” está disponível no Disney+.