Crítica – Resident Evil (Netflix)

Desde sempre as adaptações de Resident Evil – a famosa franquia de jogos da Capcom que teve seu início em 1996 com Biohazard, nome da franquia no Japão, no PlayStation 1 – não dão certo de acordo com os fãs.

Nem mesmo com seis filmes interpretados por Milla Jovovich, as adaptações da franquia conseguiram ser elogiadas, fazendo com que houvesse um reboot que mesmo estando no papel a um longo período de tempo fosse mal-sucedido, provando mais uma vez que lidar com os fãs ao tentar entregar algo novo, não é tão simples assim.

Já no mundo dos games a Capcom vem acertando em cheio desde a virada de chave em Resident Evil 7, que acabou por inovar a franquia com a adição da câmera em primeira pessoa e um teor muito mais pesado de horror, além de seu clima mais sombrio. A franquia ficou ainda mais popular entre a geração atual com o lançamento do remake de Resident Evil 2 que foi um sucesso enorme, logo depois com Resident Evil 3 e com o mais recente anúncio de um remake de Resident Evil 4 chegando no ano de 2023.

Com todo o sucesso dos games que cada vez mais está emplacando nas vendas, é claro que a franquia não ficaria de fora das adaptações para filmes e séries, almejando também sucesso na bilheteria dos cinemas e dos serviços de streaming.

O reboot cinematográfico

Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City chega como um reboot para a franquia nos cinemas, tentando corrigir todos os erros do passado e almejando um futuro próspero.

O filme reboot da série se passa na década de 1980, onde Claire Redfield e seu irmão mais velho Chris são crianças que vivem no orfanato de Raccoon City. Claire faz amizade com Lisa Trevor, uma garota desfigurada que foi experimentada pelo Dr. William Birkin, um funcionário da Umbrella Corporation, que supervisiona o orfanato e leva crianças para sua própria pesquisa experimental. Claire escapa de Birkin quando é selecionada para participar de um experimento.

Talvez a Sony Pictures e a Capcom até conseguiram acertar em um bom elenco para o filme, trazendo alguns nomes que estão em alta como por exemplo Tom Hopper, que interpreta Luther em The Umbrella Academy, entretanto a recepção do filme foi mista.

O filme teve como um dos pontos positivos a sua fidelidade aos dois primeiros jogos da série e conseguiu arrecadar mais de US$ 41,8 milhões após contarem com um orçamento de US$ 25 milhões, conseguindo lucrar em cima do filme, mas não alcançando o esperado.

Resident Evil
Imagem: EWWNews

A série da Netflix

Assim que a série da Netflix foi anunciada criou-se um receio por parte dos fãs da franquia, que já não sabiam mais nem o que esperar das adaptações, mas claro que ninguém iria deixar na mão uma das franquias mais gigantes do mundo dos games.

Começando pelas escolhas da série, toda a trama é totalmente diferente do que o público esperava, já que diferente dos filmes, não há nenhuma relação tão direta com os jogos, trazendo na verdade uma espécie de drama adolescente que se passa ao redor das filhas de Albert Wesker, Jade e Billie.

Durante os episódios da série a trama vai se desenrolando em viagens temporais, onde vemos o passado de Jade e Billie ainda adolescentes vivendo na Nova Raccoon City e também Jade já adulta estudando os zumbis que na série são chamados de “zeros”.

As escolhas de decisões da série

As escolhas de decisões da série são um dos maiores problemas da trama, começando pela viagem no tempo proposta pela história que com cortes secos vemos Jade adulta e Jade adolescente.

Em um momento estamos vendo Jade, Billie e Albert chegando até a cidade de Nova Racoon City, já em alguns instantes vemos Jade adulta na cidade de Londres estudando os zumbis daquele universo. Isso acontece nem uma, nem duas, mas inúmeras vezes durante a temporada da série.

Além disso, a inconstância do desenvolvimento da narrativa e continuidade faz com que tudo que começou com pelo menos um pingo de esperança, termine tudo por água abaixo, deixando tudo muito confuso e nem um pouco interessante.

resident evil netflix
Imagem: Reprodução/Netflix

Vale a pena assistir?

Dizer que a série é de todo ruim na verdade é mentira, isso porque eu como espectador gostei do tempo que passei assistindo a série da Netflix, mas todos os erros da série e as boas idéias que foram mal executadas fazem com que uma possível segunda temporada não seja possível, ou então que o público acabe não retornando até o show.

Há muitos momentos bem feitos e divertidos durante a série da Netflix, assim como boas cenas de ação ou efeitos, mas novamente as decisões de roteiro fazem com que muitas vezes a história nem seja assim tão crível.

Em síntese, é uma série que você pode assistir casualmente para passar o tempo, mas que talvez caso haja uma segunda temporada, você pode acabar nem mesmo retornando a ela.