Columbus: Um Drama Introspectivo Sobre Arquitetura, Relacionamentos e Identidade

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Lançado em 2017, Columbus é um drama poético dirigido por Kogonada, um cineasta conhecido por sua abordagem visual meticulosa e narrativa contemplativa.

O filme se passa na pequena cidade de Columbus, Indiana, um local famoso por sua arquitetura modernista, e segue dois personagens que, vindos de mundos diferentes, se encontram e compartilham um período de autodescoberta.

Com um ritmo lento, porém envolvente, Columbus se destaca pela sua fotografia impecável, seus diálogos introspectivos e sua capacidade de capturar a conexão humana através do espaço e da arquitetura.

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Imagem: The Movie Database

A história acompanha Jin (John Cho), um tradutor coreano que retorna a Columbus depois que seu pai, um renomado professor de arquitetura, entra em coma.

Enquanto espera pelo desfecho da condição do pai, Jin conhece Casey (Haley Lu Richardson), uma jovem que trabalha na biblioteca da cidade e tem uma paixão profunda pela arquitetura local.

Casey está em um dilema:

  • Ela tem um talento e interesse genuíno por arquitetura, mas se sente presa em Columbus, cuidando de sua mãe em recuperação de um vício.
  • Enquanto isso, Jin lida com sua relação distante com o pai e a sensação de que nunca compartilhou do mesmo amor por arquitetura que seu pai tinha.

Ao longo do filme, os dois desenvolvem uma amizade improvável, explorando os prédios modernistas de Columbus e discutindo arte, família, ambições e as dificuldades de seguir em frente.

A cidade, com seus edifícios simétricos e paisagens serenas, funciona como um terceiro personagem, moldando suas conversas e reflexões.

A Arquitetura Como Reflexo Emocional

Diferente de outros dramas convencionais, Columbus utiliza a arquitetura como uma metáfora visual e narrativa, onde os espaços e edifícios espelham os estados emocionais dos personagens.

1. Espaço, Estruturas e Emoções

Os edifícios modernistas da cidade não são apenas um pano de fundo, mas elementos fundamentais que refletem:

  • O isolamento dos personagens – O uso de enquadramentos amplos enfatiza a solidão e a distância emocional.
  • A busca por conexão – Os personagens encontram significado nas construções ao redor deles, refletindo seus próprios conflitos internos.
  • A influência do passado sobre o presente – Assim como os prédios resistem ao tempo, as memórias e expectativas familiares moldam suas decisões.

2. Diálogos Que Soam Como Obras Arquitetônicas

As conversas entre Jin e Casey são marcadas por pausas e um ritmo cadenciado, sem pressa para chegar a um ponto específico, assim como a própria arquitetura modernista, que valoriza a simplicidade e o espaço vazio tanto quanto os elementos estruturais.

Isso cria uma sensação de intimidade e realismo, permitindo que cada palavra e silêncio tenham peso na narrativa.

Temas Centrais de Columbus

1. O Conflito Entre Permanência e Mudança

Casey está dividida entre seu amor por Columbus e seu desejo de explorar o mundo além da cidade.

  • Ela teme deixar sua mãe para trás, mas também sabe que tem potencial para algo maior.
  • Jin, por outro lado, sente que nunca teve raízes de verdade, vivendo como um estrangeiro dentro de sua própria família.

Essa dualidade entre ficar e partir, entre pertencimento e deslocamento, permeia toda a narrativa.

2. A Relação Entre Pais e Filhos

Ambos os protagonistas têm relações complicadas com seus pais:

  • Jin sente que nunca compartilhou a paixão de seu pai por arquitetura e guarda ressentimentos sobre sua ausência emocional.
  • Casey ama sua mãe, mas sente que sua presença constante está impedindo seu crescimento pessoal.

Esses dilemas são explorados de forma sutil, sem grandes confrontos, mas através de pequenos gestos e conversas carregadas de significado.

3. A Beleza do Cotidiano e o Significado Oculto das Pequenas Coisas

Ao longo do filme, Jin e Casey visitam diversos edifícios e discutem sobre a forma, função e emoção que cada um deles desperta.

Isso reflete a própria experiência humana:

  • Muitas vezes, as coisas mais significativas são aquelas que passamos despercebidas no dia a dia.
  • A arquitetura se torna um espelho para a vida: nem tudo precisa ser grandioso para ser importante.

Fotografia e Estilo Visual

1. Simetria e Composição Cuidadosa

A diretora Kogonada, conhecida por sua obsessão por estética visual, cria enquadramentos que parecem verdadeiros quadros:
Planos fixos e longos que permitem ao espectador absorver a cena.
Uso intencional de espaço negativo, reforçando a solidão dos personagens.
Simetria e linhas geométricas, refletindo a rigidez emocional e os dilemas internos.

Cada cena é pensada para ressoar emocionalmente com o espectador, como se estivéssemos dentro de uma galeria de arte observando uma pintura.

Comparações Com Outras Obras

Se você gostou de Columbus, pode se interessar por filmes que compartilham uma abordagem contemplativa e um forte senso de espaço e identidade:

  • “Before Sunrise” (1995) – Assim como Columbus, este filme de Richard Linklater mostra dois estranhos que se conectam ao longo de conversas profundas em um ambiente específico.
  • “Lost in Translation” (2003) – Ambos os filmes exploram o isolamento emocional e a beleza das conexões efêmeras.
  • “Tokyo Story” (1953) – Um clássico do cinema japonês que também aborda relações familiares e o choque entre gerações.
  • “Paterson” (2016) – Outro filme que encontra beleza e significado no cotidiano, com uma abordagem igualmente poética.

Se você aprecia narrativas minimalistas e cinematografia impecável, Columbus é uma experiência obrigatória.

Impacto e Recepção Crítica

Desde seu lançamento, Columbus foi amplamente aclamado pela crítica, sendo elogiado por:

Sua estética visual hipnotizante
Atuações sutis e autênticas
Uma narrativa introspectiva e sensível
Sua reflexão sobre arte, vida e conexões humanas

Além disso, o filme solidificou Kogonada como um dos diretores mais promissores do cinema independente, levando-o a dirigir o elogiado After Yang (2021).

Conclusão

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Imagem: The Movie Database

Columbus é um filme que respeita o silêncio tanto quanto as palavras, permitindo que sua história se revele de forma natural e orgânica.

Mais do que um drama sobre arquitetura, é uma meditação sobre vida, relações humanas e os espaços que habitamos – física e emocionalmente.

Se você busca um filme delicado, visualmente impecável e profundamente reflexivo, Columbus é uma joia rara que merece ser apreciada com atenção.

Assista ao trailer de “Columbus”

No Brasil, “Columbus” não está disponível para streaming. No entanto, você encontra a obra na Amazon Prime Video, dependendo da região.