Lançado em 2018, Burning (Em Chamas, no Brasil) é um thriller psicológico sul-coreano dirigido por Lee Chang-dong, baseado no conto Queimar Celeiros (Barn Burning), de Haruki Murakami.
O filme é uma obra de suspense lenta e hipnotizante, que mergulha nas complexidades da obsessão, do desejo e da incerteza.
Com atuações impecáveis de Yoo Ah-in, Steven Yeun e Jeon Jong-seo, Burning recebeu aclamação internacional, sendo indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes e tornando-se o primeiro filme sul-coreano a entrar na shortlist do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Com uma atmosfera densa e uma narrativa ambígua, Burning desafia as expectativas do público, criando um mistério psicológico onde realidade e ilusão se misturam. Neste artigo, exploramos os temas, a narrativa e o impacto desse filme intrigante.
Saiba mais:
Silent Road: Série Grega de Suspense sobre Sequestro em Ônibus Escolar
Aniara: A Ficção Científica Sueca Sobre Desespero no Espaço
Enredo: Entre o Real e o Imaginário
A trama acompanha Jong-su (Yoo Ah-in), um jovem escritor frustrado que leva uma vida monótona em uma cidade rural da Coreia do Sul. Um dia, ele reencontra Hae-mi (Jeon Jong-seo), uma antiga colega de infância, que agora é uma mulher carismática e enigmática.
Hae-mi pede a Jong-su para cuidar de seu gato enquanto viaja para a África. Quando retorna, ela apresenta a ele Ben (Steven Yeun), um homem rico e misterioso que parece ter conquistado seu coração.
Aos poucos, Jong-su se sente desconfortável com a presença de Ben, que parece esconder segredos sombrios por trás de sua fachada sofisticada.
A história toma um rumo ainda mais estranho quando Hae-mi desaparece sem deixar rastros. Convencido de que Ben tem algo a ver com o sumiço dela, Jong-su inicia uma investigação solitária, enquanto sua obsessão por desvendar o mistério cresce de forma perigosa.
Temas Centrais do Filme
1. Obsessão e Alienação
A relação entre Jong-su, Hae-mi e Ben representa um triângulo de tensões emocionais. Jong-su, um jovem de classe baixa e introvertido, se vê fascinado por Hae-mi e ressentido com Ben, que simboliza a elite rica e desconectada.
À medida que a obsessão de Jong-su cresce, ele se distancia cada vez mais da realidade. Sua busca por respostas não é apenas sobre Hae-mi, mas também sobre sua própria identidade e frustração com a vida.
2. Diferenças de Classe e Desigualdade Social
Burning também funciona como uma crítica à desigualdade social na Coreia do Sul.
- Jong-su representa a classe trabalhadora, vivendo em condições precárias e sem perspectivas.
- Ben é o retrato do privilégio, dirigindo um Porsche, morando em um apartamento luxuoso e nunca demonstrando preocupações financeiras.
Ben fala de sua vida com um tédio calculado, descrevendo sua rotina de “queimar celeiros” – uma metáfora perturbadora que pode indicar algo muito mais sinistro.
3. A Ambiguidade da Realidade
O filme se recusa a dar respostas fáceis. A maior pergunta de Burning é: o que realmente aconteceu com Hae-mi?
Jong-su nunca encontra evidências concretas contra Ben, mas sua suspeita o consome. Seria tudo fruto de sua imaginação, ou ele está certo em desconfiar?
A ambiguidade do filme reflete a influência do conto de Murakami, onde o real e o ilusório se entrelaçam, deixando o público preso em um estado de incerteza.
Atuações e Direção
Yoo Ah-in como Jong-su
O ator entrega uma performance introspectiva e angustiante, retratando a transformação gradual de Jong-su de um jovem desorientado para um homem tomado pela obsessão e paranoia.
Steven Yeun como Ben
Conhecido por seu papel em The Walking Dead, Steven Yeun traz uma atuação sutilmente ameaçadora. Seu Ben é encantador e enigmático, mas sua falta de emoções faz dele um personagem inquietante.
Jeon Jong-seo como Hae-mi
Em sua estreia no cinema, Jeon Jong-seo interpreta Hae-mi com carisma e vulnerabilidade. Sua personagem é cheia de contradições, ao mesmo tempo atraente e frágil, o que torna seu desaparecimento ainda mais perturbador.
A Direção de Lee Chang-dong
Lee Chang-dong cria uma experiência sensorial intensa, utilizando longas sequências, iluminação natural e uma trilha sonora minimalista para aumentar a tensão psicológica. O ritmo lento do filme não é acidental – cada cena é cuidadosamente planejada para mergulhar o espectador na mente de Jong-su.
O Impacto de Burning no Cinema Sul-Coreano
Mesmo sem vencer o Oscar, Burning solidificou o cinema sul-coreano no cenário internacional. Sua narrativa complexa, visual sofisticado e atuações poderosas conquistaram a crítica mundial.
O filme também abriu caminho para que outros thrillers psicológicos sul-coreanos, como Parasita (2019), ganhassem ainda mais reconhecimento global.
O Significado do Final de Burning (Sem Spoilers Diretos)
O desfecho de Burning é um dos mais debatidos do cinema recente. A sequência final é intensa, silenciosa e profundamente simbólica, deixando o espectador com mais perguntas do que respostas.
O que acontece nos momentos finais do filme pode ser interpretado de diferentes maneiras, dependendo do que o público acredita ser real ou imaginado.
Conclusão
Burning é um thriller psicológico fascinante que desafia as convenções do gênero. Com uma narrativa ambígua, personagens enigmáticos e uma tensão crescente, o filme é uma experiência cinematográfica única.
Se você gosta de histórias que exploram obsessão, identidade e mistério, este é um filme que merece sua atenção.
Com seu final aberto e sua atmosfera densa, Burning não oferece respostas fáceis – mas é exatamente isso que o torna tão inesquecível.
Assista ao trailer de “Burning”
No Brasil, “Burning” não está disponível para streaming. No entanto, você encontra a obra na Amazon Prime Video, dependendo da região.