Braindead: a comédia de terror que criticou a política americana com alienígenas e absurdos
Lançada em 2016 pela CBS, Braindead é uma daquelas séries que beiram o inacreditável — e justamente por isso, se tornam inesquecíveis.
Criada por Robert e Michelle King, os mesmos produtores de The Good Wife e The Good Fight, a série mistura comédia, terror, ficção científica e sátira política com uma ousadia que poucas produções da TV aberta ousaram experimentar.
Ambientada em Washington D.C., a série acompanha uma jovem recém-contratada no Congresso dos EUA que começa a desconfiar que algo muito estranho está acontecendo: alienígenas estão comendo os cérebros dos políticos americanos. E o mais assustador? Ninguém parece notar a diferença.
Leia mais:
Enlightened: a comédia dramática que desafiou o conceito de despertar espiritual na TV
A trama de Braindead: aliens, política e loucura institucional
Sinopse oficial
Em meio ao caos político de Washington, Laurel Healy (interpretada por Mary Elizabeth Winstead) tenta equilibrar sua vida pessoal com o trabalho no gabinete de seu irmão, o senador Luke Healy.
Mas a rotina de assessora rapidamente muda quando ela descobre que uma infestação alienígena está tomando conta dos cérebros de senadores, deputados e funcionários do governo.
Esses alienígenas afetam o comportamento humano de forma radical, criando indivíduos extremamente ideológicos, insensíveis e agressivos — um espelho bizarro, mas satírico, do clima político real nos Estados Unidos.
Personagens principais de Braindead
Laurel Healy (Mary Elizabeth Winstead)
A protagonista é uma documentarista frustrada que se vê presa em um mundo político disfuncional. Sua inteligência, curiosidade e coragem a transformam na peça-chave para descobrir a verdade sobre a invasão alienígena.
Gareth Ritter (Aaron Tveit)
Chefe de gabinete de um senador republicano, Gareth é o interesse amoroso de Laurel e representa o outro lado da polarização política. Mesmo com visões diferentes, ele se junta a Laurel para tentar entender o que está acontecendo.
Luke Healy (Danny Pino)
Irmão de Laurel e senador democrata ambicioso, Luke está mais preocupado com sua carreira política do que com o colapso iminente da sanidade em Washington — até que os alienígenas chegam perto demais.
Estilo e tom únicos de Braindead
Sátira política afiada
Braindead não é apenas uma história de terror alienígena; é, acima de tudo, uma crítica feroz à política americana. A série usa o absurdo da invasão extraterrestre como metáfora para a crescente polarização e a incapacidade de diálogo entre os partidos.
A ideia de que políticos com “cérebro comido” se tornem mais extremistas é ao mesmo tempo hilária e assustadoramente plausível.
Mistura de gêneros corajosa
A série transita entre comédia, horror, ficção científica e drama político com uma leveza impressionante. Os roteiros são inteligentes, os diálogos afiados, e os momentos de suspense são frequentemente interrompidos por piadas inesperadas — o que mantém o ritmo dinâmico e imprevisível.
Episódios com recapitulações musicais
Um dos detalhes mais icônicos de Braindead é a forma como cada episódio começa: com uma recapitulação cantada, feita por Jonathan Coulton, que resume os eventos anteriores em formato musical cômico. Essas vinhetas se tornaram queridinhas dos fãs e reforçam o tom irreverente da série.
O universo narrativo de Braindead
Alienígenas como símbolo do extremismo político
Na mitologia da série, os alienígenas não invadem por naves ou lasers, mas por formigas cerebrais microscópicas que entram no ouvido das pessoas enquanto elas dormem. Uma vez dentro do cérebro, as formigas consomem parte do lobo frontal e passam a controlar suas ações.
Essas pessoas continuam conscientes, mas se tornam mais agressivas, intransigentes e leais ao “coletivo alienígena”, agindo como se seguissem uma agenda oculta — ou melhor, ultravisível. É uma sátira clara às bolhas ideológicas e à radicalização na política contemporânea.
A crítica ao sistema político dos EUA
Braindead atira para todos os lados: democratas, republicanos, imprensa, corporações, eleitores alienados — ninguém escapa.
A série usa o absurdo para enfatizar como o sistema político se tornou irracional e autocanibalizante, fazendo com que uma invasão alienígena pareça até mais lógica do que os próprios jogos de poder em Washington.
Recepção crítica de Braindead
Elogios pela originalidade
Críticos reconheceram a originalidade e ousadia da série. Sites como Vulture e The AV Club elogiaram Braindead por ser “inteligente, engraçada e assustadoramente relevante”. A atuação de Mary Elizabeth Winstead também foi apontada como um dos grandes trunfos da produção.
Público dividido
Apesar dos elogios, a série teve dificuldade em encontrar uma audiência ampla. Sua mistura de gêneros e o humor peculiar afastaram parte do público tradicional da CBS, mais acostumado com séries de crime procedural.
No entanto, Braindead rapidamente se tornou uma série cult, especialmente entre fãs de ficção científica política e comédias satíricas.
O cancelamento precoce de Braindead
Apenas uma temporada
Infelizmente, Braindead teve apenas uma temporada, com 13 episódios. A CBS optou por não renovar a série devido à baixa audiência, apesar da aclamação crítica. Para muitos fãs, o cancelamento foi precoce, deixando um universo com grande potencial narrativo e simbólico inexplorado.
Final com fechamento (quase) completo
Apesar do fim abrupto, a temporada finalizou sua principal trama, com um desfecho satisfatório e que respeita os personagens. A série deixou espaço para novas histórias, mas não terminou com grandes pontas soltas.
Por que assistir Braindead em 2025?
Atualidade assustadora
Mesmo lançada em 2016, Braindead continua incrivelmente atual. Em tempos de fake news, extremismo político e desinformação, a ideia de alienígenas que manipulam o comportamento de líderes parece menos ficcional e mais alegórica.
Entretenimento inteligente
Para quem busca algo diferente, Braindead é um prato cheio: episódios curtos, trama envolvente, humor ácido e um olhar provocador sobre o mundo real. É a série perfeita para quem gosta de pensar enquanto ri — e talvez se assusta.
Conclusão
Braindead é uma joia rara da televisão moderna — ousada, inteligente e absurdamente divertida. Em meio ao mar de produções convencionais, a série se destacou por sua capacidade de fazer humor com seriedade e usar o horror como metáfora política.
Mesmo com apenas uma temporada, deixou uma marca profunda entre aqueles que tiveram o prazer de descobri-la.
Se você procura uma série com alienígenas, crítica social e um toque de genialidade nonsense, Braindead é a escolha ideal. E talvez, depois de assistir, você também comece a desconfiar de quem anda agindo meio… mecânico demais por aí.
Assista ao trailer de “Braindead”
No Brasil, “Braindead” não está disponível para streaming. No entanto, você encontra a obra na Amazon Prime Video, dependendo da região.