Betty: A série que celebra a amizade e a cultura do skate feminino em Nova York
Lançada em 2020 pela HBO, Betty é uma comédia dramática que oferece um olhar vibrante, autêntico e contemporâneo sobre a cultura do skate em Nova York sob a perspectiva de um grupo diversificado de adolescentes do sexo feminino.
Inspirada no aclamado filme Skate Kitchen (2018), dirigido por Crystal Moselle, a série traz à televisão a mesma energia rebelde, intimista e real que conquistou o cinema independente.
Com apenas duas temporadas (2020–2021), Betty se tornou um retrato marcante de amizade, identidade, empoderamento e resistência feminina em espaços historicamente dominados por homens.
Em meio a manobras radicais, trilhas sonoras urbanas e o caos organizado de Nova York, a série capta os desafios e as descobertas da juventude contemporânea.
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A origem de Betty: Do filme indie à série da HBO

De Skate Kitchen à HBO
A série Betty nasceu do sucesso do longa-metragem Skate Kitchen, também dirigido por Crystal Moselle e lançado em 2018.
O filme, que acompanhava um grupo de garotas skatistas reais, chamou a atenção por sua autenticidade e estética documental. As protagonistas do filme — incluindo Rachelle Vinberg, Dede Lovelace, Nina Moran, Moonbear e Ajani Russell — interpretaram versões ficcionalizadas de si mesmas.
Com Betty, a HBO deu continuidade a essa proposta, transformando o universo de Skate Kitchen em uma série episódica, mas mantendo a essência original: histórias orgânicas, elenco diverso, atuação naturalista e uma estética urbana espontânea.
Enredo e personagens principais
Um retrato da juventude urbana
Betty acompanha cinco jovens skatistas em Nova York — Janay, Kirt, Honeybear, Indigo e Camille — enquanto elas tentam navegar pelos desafios do dia a dia: preconceitos no mundo do skate, relacionamentos, inseguranças pessoais, descobertas sexuais, racismo e machismo.
Apesar de abordagens individuais, o fio condutor da série é a força da amizade entre essas jovens, que encontram no skate uma forma de expressão, liberdade e conexão com o mundo.
As protagonistas
🛹 Camille (Rachelle Vinberg)
Camille é determinada, talentosa e muitas vezes dividida entre o desejo de aceitação no mundo masculino do skate e a fidelidade ao seu grupo de amigas. Sua trajetória reflete as tensões entre identidade pessoal e pertencimento social.
🛹 Janay (Dede Lovelace)
Ativista e combativa, Janay não tem medo de confrontar o machismo no skate e além. Sua presença forte representa o empoderamento feminino negro em ambientes urbanos e alternativos.
🛹 Kirt (Nina Moran)
Extrovertida, engraçada e imprevisível, Kirt é o alívio cômico da série. Sua maneira desajeitada e sincera de lidar com emoções é tão divertida quanto comovente.
🛹 Honeybear (Moonbear)
Introvertida e criativa, Honeybear é uma artista e cineasta em formação, representando jovens queer em busca de identidade e espaço.
🛹 Indigo (Ajani Russell)
Modelo e skatista, Indigo enfrenta conflitos de classe e sobrevivência, equilibrando a vida nas ruas com sua busca por independência.
Estética, trilha sonora e autenticidade
Uma Nova York pulsante e real
Um dos maiores méritos de Betty é sua representação honesta da Nova York contemporânea — multicultural, imperfeita, viva.
A série foi filmada em locações reais, com câmera na mão e pouca encenação, trazendo uma sensação quase documental. Os bairros do Brooklyn, Manhattan e Queens são não apenas cenários, mas personagens vivos da trama.
Trilha sonora e estilo
A trilha sonora de Betty é um show à parte: composta por hip hop, indie, punk e sons experimentais, ela ajuda a construir o tom irreverente da série.
O figurino também reflete a estética skatista e urbana, com peças oversized, tênis, calças largas e cabelos coloridos — uma ode à contracultura que as personagens habitam.
Temas centrais em Betty
Representatividade e diversidade
Betty é uma das poucas séries que coloca mulheres skatistas, muitas delas negras, latinas e LGBTQIA+, no centro da narrativa. Ao fazer isso, a série quebra estereótipos e desafia a hegemonia masculina nos esportes urbanos.
Gênero, raça e sexualidade
A série não tem medo de abordar temas difíceis, como racismo, homofobia, assédio e desigualdade de gênero, mas faz isso com leveza e naturalidade. Os diálogos soam reais, como se estivéssemos ouvindo conversas entre amigas na rua, o que reforça o compromisso da série com a autenticidade.
Liberdade e pertencimento
O skate, em Betty, é mais do que esporte — é um ato de liberdade. Cada manobra bem-sucedida, cada queda, cada risada, tudo expressa o desejo dessas jovens de serem quem são, sem pedir permissão. Elas não querem ocupar espaços — querem criar os seus próprios.
Crítica e recepção
Elogiada pela crítica
Betty foi amplamente elogiada pela crítica especializada por sua originalidade, estética autoral e representação inclusiva. O site Rotten Tomatoes classificou a série com excelente aprovação, destacando seu frescor e a forma como lida com questões sociais de maneira não didática.
Indicações e prêmios
A série foi indicada a diversos prêmios, incluindo no Independent Spirit Awards e Gotham Awards, além de ser incluída em listas de melhores séries do ano por veículos como The New York Times e IndieWire.
Por que Betty foi cancelada?
Apesar da recepção positiva, a HBO anunciou o cancelamento de Betty após sua segunda temporada, em 2021.
A razão alegada foi baixa audiência, embora a série tenha se tornado cultuada por um nicho fiel. A notícia do cancelamento gerou protestos nas redes sociais, com muitos lamentando a perda de uma produção tão diversa e representativa.
Conclusão

Betty é uma série que vai além do skate. Ela fala sobre amizade, identidade, resistência e liberdade em um mundo que insiste em limitar quem somos.
Com sua linguagem visual inovadora, personagens reais e narrativa afetuosa, Betty é um retrato urgente e necessário da juventude atual — especialmente das meninas que ousam ocupar as ruas, as pistas e a vida com coragem e criatividade.
Mesmo com apenas duas temporadas, Betty deixou um legado importante: mostrou que meninas skatistas não apenas existem, como têm muito a dizer — e fazer.
Assista ao trailer de “Betty”
No Brasil, “Betty” está disponível na Max e Amazon Prime Video.