“Being Human” (2009–2013): Uma Jornada Sobrenatural de Autodescoberta e Convivência

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Em uma época em que o entretenimento televisivo estava saturado de histórias sobrenaturais repletas de glamour e clichês, Being Human surgiu com uma proposta inovadora: e se vampiros, lobisomens e fantasmas fossem, na verdade, apenas pessoas tentando viver vidas normais?

Transmitida entre 2009 e 2013 pela BBC Three, Being Human é uma série britânica que combina drama, comédia e elementos sobrenaturais para discutir questões profundas como moralidade, culpa, identidade e redenção.

Com um trio de protagonistas incomuns — um vampiro, um lobisomem e um fantasma — dividindo uma casa em Bristol, a série conquistou crítica e público ao humanizar o que sempre foi considerado “monstruoso”.

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Sinopse Geral de Being Human

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Imagem: The Movie Database

A trama de Being Human gira em torno de três seres sobrenaturais que dividem um apartamento e tentam, à sua maneira, viver uma vida normal:

  • John Mitchell (Aidan Turner): um vampiro carismático que tenta resistir aos impulsos sanguinários e seguir um caminho de não-violência.
  • George Sands (Russell Tovey): um lobisomem tímido, doce e desajeitado, atormentado pela transformação mensal que escapa ao seu controle.
  • Annie Sawyer (Lenora Crichlow): uma fantasma presa entre o mundo dos vivos e dos mortos, que inicialmente nem consegue ser vista por humanos.

Juntos, eles enfrentam ameaças externas — como caçadores sobrenaturais, organizações secretas e rivais monstruosos — e dilemas internos, como aceitar suas naturezas e viver com suas escolhas.

A Convivência Sobrenatural: Uma Metáfora Para a Vida Real

Um dos principais méritos de Being Human está em sua abordagem metafórica. Apesar dos elementos fantásticos, a série é essencialmente uma exploração sobre o que significa “ser humano”. A palavra-chave do título, Being Human, serve como base conceitual para toda a narrativa.

Cada personagem representa uma faceta da luta interna que todos enfrentam:

  • Mitchell lida com o vício e a culpa.
  • George enfrenta o controle da raiva e da própria identidade.
  • Annie representa o luto, a perda e a necessidade de ser vista e ouvida.

Esses temas, mesmo sob a capa de ficção, refletem questões muito reais — e é esse contraste que dá profundidade à série Being Human.

Evolução dos Personagens em Being Human

John Mitchell: A Batalha Contra Si Mesmo

Mitchell, um vampiro há mais de um século, carrega um histórico de violência, mas tenta desesperadamente mudar.

Ele se recusa a matar e luta contra a natureza predatória que o define. Em Being Human, Mitchell não é um herói tradicional, mas sim um personagem ambíguo, cujo maior inimigo é ele mesmo. Seu arco é uma constante luta entre a redenção e a recaída.

George Sands: O Monstro Mais Humano

George é talvez o personagem mais “humano” de Being Human. Professor de profissão, é neurótico, leal e intensamente moral.

Mas a cada lua cheia, ele se transforma em algo que não pode controlar. Sua jornada é marcada pelo medo de perder o controle e pelo desejo de manter sua humanidade apesar da natureza bestial que o assombra.

Annie Sawyer: Invisível Mas Essencial

Annie começa a série como um fantasma inseguro, muitas vezes ignorada até mesmo por seus colegas de casa.

No entanto, seu papel se torna central à medida que ela desenvolve poderes e confiança. Em Being Human, Annie é o elo emocional da equipe, oferecendo empatia e suporte mesmo quando seus próprios traumas permanecem sem resolução.

Mudanças no Elenco e Nova Geração

A partir da terceira temporada, e com a saída gradual do elenco original, Being Human introduz novos personagens principais:

  • Hal Yorke (Damien Molony): um vampiro aristocrático tentando manter-se “limpo”.
  • Tom McNair (Michael Socha): um lobisomem criado para caçar vampiros.
  • Alex Millar (Kate Bracken): uma fantasma espirituosa e pragmática.

Esses novos protagonistas mantêm a essência de Being Human, reforçando o conflito entre monstros e moralidade. A transição foi bem recebida, com o criador Toby Whithouse conseguindo preservar o tom emocional da série, mesmo com mudanças drásticas no elenco.

Temas Centrais de Being Human

1. Moralidade

Todos os personagens de Being Human enfrentam decisões éticas. Eles lidam com escolhas difíceis: matar ou não, esconder-se ou lutar, viver em isolamento ou correr riscos por conexões reais.

2. Identidade

A série frequentemente questiona se somos definidos pelo que fazemos ou pelo que sentimos. Mitchell pode ser bom mesmo com um passado violento? George é apenas um monstro por causa de sua transformação mensal? Annie é apenas uma sombra do que foi?

3. Comunidade e Amizade

Apesar de suas naturezas diferentes, os protagonistas criam uma família improvável. Eles se apoiam emocionalmente em momentos de crise, mostrando que, no fim, Being Human é também sobre conexão e solidariedade.

Recepção Crítica e Popularidade

Being Human recebeu críticas positivas durante toda sua exibição. A série foi elogiada por sua originalidade, roteiro afiado, construção de personagens e pela capacidade de equilibrar humor e drama.

A atuação de Aidan Turner como Mitchell, em particular, foi bastante destacada pela intensidade emocional que trouxe ao personagem.

O sucesso de Being Human foi tanto que gerou um remake americano, lançado em 2011 pelo canal Syfy, com quatro temporadas. Embora compartilhasse a premissa inicial, o remake tomou caminhos narrativos distintos.

Legado e Influência

Being Human deixou uma marca duradoura no cenário da televisão sobrenatural. Foi uma das primeiras séries a explorar seres sobrenaturais de forma realista, emocional e social, pavimentando o caminho para outras produções que posteriormente adotariam o mesmo tom, como In the Flesh e Penny Dreadful.

Além disso, lançou as carreiras de atores como Aidan Turner (que viria a estrelar Poldark e aparecer em O Hobbit) e Russell Tovey (que participou de Looking e Years and Years).

Conclusão: Por Que Being Human Ainda Importa

Imagem: The Movie Database

Mais de uma década após sua estreia, Being Human continua relevante por sua abordagem sincera e emocional dos dilemas humanos — através de personagens que, ironicamente, não são totalmente humanos.

Ao explorar vícios, traumas, amor, amizade e o desejo de fazer o bem mesmo quando se é “o outro”, a série transcende o gênero sobrenatural e se estabelece como um drama humano por excelência.

Em um mundo onde ser diferente ainda é visto como uma ameaça, Being Human lembra que ser humano é, acima de tudo, tentar — falhar, recomeçar, buscar redenção e nunca desistir da empatia.

Assista ao trailer de “Being Human”

No Brasil, “Being Human” não está disponível para streaming. No entanto, você encontra a obra na Amazon Prime Video e na AMC+, dependendo da região.