A Forma da Água: Um Conto de Fadas Moderno que Explora Romance e Mistério entre Humanos e Criaturas Misteriosas

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A cinematografia de Guillermo del Toro é conhecida por suas obras únicas, que costumam misturar elementos de fantasia com uma narrativa rica e emocional.

A Forma da Água (2017) é uma dessas produções que, ao mesmo tempo em que mistura romance, mistério e ficção científica, apresenta um conto de fadas moderno, tocando em temas de solidão, aceitação e a busca pela conexão verdadeira.

Ao longo deste artigo, vamos explorar o filme sob diferentes perspectivas, desde seus elementos narrativos até os aspectos técnicos e simbólicos que tornam a obra inesquecível.

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O Enredo de A Forma da Água: Romance Improvável e Mistério Sobrenatural

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Imagem: The Movie Database

A Forma da Água é ambientado na década de 1960, durante a Guerra Fria, em um cenário tenso e polarizado. O filme acompanha a história de Elisa Esposito (Sally Hawkins), uma mulher muda que trabalha como faxineira em um laboratório governamental secreto.

Elisa vive uma vida solitária e isolada, sem muitas opções de interação, até o momento em que um ser misterioso, uma criatura aquática, é trazido para o laboratório para ser estudado.

A criatura, encontrada em um rio no Brasil, é tratada como um objeto de pesquisa, sendo mantida em uma espécie de cativeiro.

No entanto, à medida que Elisa começa a estabelecer uma conexão silenciosa com o ser, ela começa a perceber que a criatura não é apenas um “monstro”, mas um ser capaz de comunicação e emoções.

Ao longo do filme, a relação entre Elisa e a criatura se desenvolve de uma forma inesperada e sensível, misturando romance e mistério enquanto a protagonista tenta libertá-lo de seu cativeiro, confrontando as autoridades do laboratório e arriscando sua própria segurança.

A Magia do Conto de Fadas: Romance e Aceitação

Em A Forma da Água, Guillermo del Toro cria uma narrativa que vai além do simples romance entre uma mulher e uma criatura. O filme é, em sua essência, um conto de fadas moderno, onde temas universais como aceitação, amor incondicional e transformação se entrelaçam de maneira única.

A conexão entre Elisa e a criatura transcende as barreiras do físico e do verbal, fazendo com que a comunicação entre eles se baseie em gestos e olhares, em uma verdadeira linguagem do coração.

A metáfora da “outrosidade”

Em muitos contos de fadas, o “monstro” é uma figura central, representando o desconhecido ou o diferente. No caso de A Forma da Água, a criatura é retratada de maneira a desafiar os estereótipos tradicionais de monstros em filmes de ficção científica.

Em vez de ser uma ameaça, ele é uma vítima das circunstâncias, sendo tratado como uma espécie de objeto de estudo, enquanto Elisa vê nele uma alma gentil e incompreendida.

Essa troca de papéis — o humano como a criatura e a criatura como o ser humano — traz à tona um dos principais temas do filme: a aceitação do outro, mesmo que ele seja, à primeira vista, diferente.

A metáfora de “outrosidade” é explorada de várias maneiras, não só com a criatura, mas também com outros personagens que enfrentam desafios de aceitação.

Elisa, sendo muda, é frequentemente marginalizada pela sociedade e ignorada pelos outros, o que a torna uma personagem empática e compreensível em relação à “diferença” da criatura.

Del Toro cria um espaço onde os personagens considerados “outros” podem se encontrar e se conectar de maneiras profundas e significativas.

Amor sem palavras

O romance entre Elisa e a criatura é um dos aspectos mais tocantes do filme. A falta de palavras, que poderia ser vista como uma barreira, na verdade se torna uma força que fortalece a conexão entre os dois.

Elisa não precisa falar para ser ouvida, e a criatura, que é inicialmente incompreendida, é capaz de demonstrar um amor sincero e genuíno por ela.

A ausência de diálogos é substituída pela riqueza de gestos, expressões faciais e a música emocional, criando uma forma de comunicação que é, de certa forma, ainda mais poderosa e impactante do que as palavras poderiam ser.

Mistério e Suspense: O Laboratório e Seus Segredos

Embora A Forma da Água seja essencialmente uma história de amor, o filme também contém elementos de mistério e suspense que a tornam ainda mais envolvente. O laboratório secreto, onde a criatura é mantida em cativeiro, é um local sombrio e cheio de segredos.

Acompanhamos Elisa enquanto ela começa a desvendar os mistérios por trás do projeto do governo e as verdadeiras intenções dos cientistas e militares que estão envolvidos na pesquisa.

A presença de figuras ameaçadoras, como o vilão Strickland (Michael Shannon), um oficial militar impiedoso, adiciona uma camada de tensão à trama.

Strickland vê a criatura como um mero objeto e está disposto a fazer qualquer coisa para mantê-la sob controle. Sua presença impõe uma sensação constante de perigo, especialmente quando ele começa a investigar mais a fundo a conexão crescente entre Elisa e a criatura.

O suspense cresce à medida que Elisa e o ser aquático se envolvem em uma jornada de fuga, onde o amor se mistura com o risco e a coragem.

A Estética e o Estilo Visual: Uma Obra de Arte Cinematográfica

Uma das marcas registradas de Guillermo del Toro é sua habilidade em criar mundos visuais deslumbrantes, e A Forma da Água é um exemplo brilhante disso. O filme é imersivo e visualmente impressionante, com cenários cuidadosamente elaborados que evocam uma atmosfera onírica e mágica.

As cores e texturas usadas no filme refletem a fluidez da água e o ambiente aquático, com tons de verde e azul dominando a paleta de cores, que remete à água e à imersão emocional dos personagens.

O design da criatura também é uma obra de arte à parte. Ao contrário das criaturas monstruosas e agressivas típicas dos filmes de ficção científica, a criatura de A Forma da Água é uma figura complexa e fascinante, com um design que mistura elementos humanos e aquáticos.

Sua aparência é ao mesmo tempo alienígena e familiar, gerando uma sensação de admiração e empatia.

A Trilha Sonora: Música Como Expressão de Sentimentos

A trilha sonora de A Forma da Água, composta por Alexandre Desplat, é outro ponto alto da produção. A música é suave e etérea, complementando perfeitamente o tom poético e romântico do filme.

As melodias delicadas e a utilização do piano criam uma atmosfera emocional que eleva a narrativa, refletindo os sentimentos de Elisa e a relação que ela constrói com a criatura.

A música não apenas embala os momentos mais românticos, mas também intensifica as cenas de suspense e mistério.

Conclusão: A Forma da Água Como Uma História de Amor Universal

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Imagem: The Movie Database

A Forma da Água é muito mais do que um simples romance entre uma mulher e uma criatura. É uma obra cinematográfica que mistura romance, mistério e ficção científica, criando uma história única e atemporal sobre aceitação, amor e a busca por conexão.

Guillermo del Toro, com sua visão criativa e sensível, nos oferece uma história que não apenas desafia os limites do gênero, mas também toca profundamente em temas universais que nos conectam como seres humanos.

Ao fundir elementos de conto de fadas com uma narrativa moderna, o filme nos lembra que o amor verdadeiro e a compreensão podem surgir nos lugares mais inesperados.

E, no final, é essa mensagem de aceitação e de não julgar pela aparência que faz de A Forma da Água uma história que ressoará por gerações.

Assista ao trailer de “A Forma da Água”

No Brasil, “A Forma da Água” está disponível no Disney+.