A Casa Que Jack Construiu (2018) – Um Thriller Perturbador que Mergulha na Mente de um Serial Killer
Desde sua estreia no Festival de Cannes, A Casa Que Jack Construiu (The House That Jack Built, 2018) causou uma das reações mais polêmicas da história do festival.
Dirigido pelo dinamarquês Lars von Trier, um cineasta conhecido por sua abordagem provocadora, o filme divide opiniões por sua violência extrema e narrativa filosófica.
Estrelado por Matt Dillon, o longa mergulha na mente de um serial killer que acredita que seus assassinatos são obras de arte. A narrativa é não linear, metafórica e filosófica, levando o espectador a questionar a natureza da violência, da psicopatia e dos limites da arte.
Com um roteiro desconfortável, uma estética fria e sequências impactantes, o filme não se destina ao entretenimento casual, mas sim a uma reflexão profunda sobre moralidade e crueldade.
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Sinopse: A Jornada de um Serial Killer
A Casa Que Jack Construiu acompanha Jack (Matt Dillon), um engenheiro que se torna um serial killer meticuloso e sádico, cometendo crimes durante um período de 12 anos.
A estrutura narrativa é dividida em cinco “incidentes”, cada um representando um crime marcante na trajetória de Jack.
Enquanto isso, Jack mantém um diálogo filosófico com um interlocutor misterioso chamado Verge (Bruno Ganz), que questiona sua moralidade e sua visão distorcida da realidade.
Os crimes de Jack variam em brutalidade e método, e ao longo da trama, ele busca aperfeiçoar sua “arte”, criando assassinatos cada vez mais elaborados.
À medida que a narrativa avança, o espectador é confrontado com cenas perturbadoras, de tortura psicológica e violência explícita, levando a um final alegórico e simbólico.
Personagens e Atuações
Jack (Matt Dillon)
Jack é um dos serial killers mais complexos do cinema.
- Extremamente inteligente e meticuloso, ele planeja seus assassinatos com precisão cirúrgica.
- Seu comportamento é marcado por uma frieza extrema, ausência de empatia e prazer no sofrimento alheio.
- Ao longo de A Casa Que Jack Construiu, Jack se vê como um artista, comparando seus crimes a pinturas e esculturas.
Matt Dillon entrega uma atuação magistral, incorporando um psicopata charmoso e aterrorizante ao mesmo tempo.
Verge (Bruno Ganz)
Verge é um misterioso personagem que funciona como uma espécie de “consciência” de Jack.
- Ele questiona Jack sobre a moralidade de seus atos e a natureza de sua obsessão.
- Sua presença em A Casa Que Jack Construiu é enigmática, representando uma figura alegórica que guia Jack em sua jornada final.
A atuação de Bruno Ganz traz um equilíbrio interessante, contrapondo-se à brutalidade e ao narcisismo de Jack.
Os Cinco “Incidentes” e Sua Simbologia
Os cinco assassinatos que compõem a estrutura de A Casa Que Jack Construiu não são apenas crimes aleatórios, mas representam diferentes facetas da psicopatia de Jack.
1. O Primeiro Assassinato: O Caos Inicial
- Uma mulher pede carona a Jack.
- Ele a mata impulsivamente com um macaco hidráulico, introduzindo a frieza e a arrogância do protagonista.
2. O Assassinato da Mãe e dos Filhos: A Crueldade Crescente
- Jack atrai uma mulher e seus filhos para um piquenique e os assassina com um rifle.
- Essa cena mostra sua perda total de humanidade, atacando inocentes sem remorso.
3. A Namorada e o Sorriso da Morte
- Jack tortura sua namorada e corta seu rosto para criar um “sorriso permanente”.
- Aqui, fica evidente seu sadismo e prazer no sofrimento alheio.
4. O Assassinato em Massa: A Arte Final
- Jack reúne várias vítimas e as alinha como esculturas humanas.
- Ele considera esse o ápice de sua “expressão artística”, mostrando o quão longe está de qualquer moralidade.
5. A Descida ao Inferno: O Castigo Final
- No último ato, Jack é guiado por Verge até uma representação simbólica do Inferno.
- Esse segmento é uma alegoria inspirada na “Divina Comédia” de Dante, sugerindo que Jack finalmente enfrenta as consequências de seus atos.
A Violência em A Casa Que Jack Construiu: Impacto e Controvérsia
A Casa Que Jack Construiu foi massivamente criticado por sua violência gráfica, mas também elogiado por sua abordagem psicológica.
- A Casa Que Jack Construiu não tenta justificar a violência, mas sim questionar o porquê de sermos fascinados por ela.
- Lars von Trier usa a brutalidade para provocar desconforto, forçando o espectador a refletir sobre a natureza do mal.
Muitos críticos consideraram algumas cenas desnecessariamente brutais, enquanto outros argumentam que o filme é uma crítica à própria indústria do entretenimento, que consome violência como espetáculo.
Estética e Direção: O Estilo de Lars von Trier
1. O Uso do Som e da Música
- O filme utiliza efeitos sonoros inquietantes e trilha sonora clássica, criando um clima de tensão e desconforto.
2. Fotografia e Composição Visual
- Lars von Trier usa enquadramentos meticulosos, tornando algumas cenas quase como pinturas – um reflexo da obsessão de Jack com arte.
- As cenas do Inferno são surrealistas e simbólicas, reforçando a dimensão filosófica do filme.
Recepção Crítica e Público
A Casa Que Jack Construiu dividiu opiniões:
- Críticos de Cannes saíram no meio da exibição, chocados com a violência.
- No entanto, muitos elogiaram a performance de Matt Dillon e a abordagem filosófica do roteiro.
- O filme se tornou um “cult”, admirado por quem aprecia narrativas provocativas e desafiadoras.
Conclusão: Um Thriller que Desafia o Espectador
A Casa Que Jack Construiu não é para todos.
É um filme brutal, filosófico e perturbador, que força o espectador a confrontar seus próprios limites sobre o que pode ser considerado arte e até onde vai a moralidade humana.
Com atuações brilhantes, uma direção provocadora e um final que mistura horror e simbolismo, o filme deixa uma marca inesquecível.
Se você gosta de filmes que desafiam convenções e provocam reflexões profundas, A Casa Que Jack Construiu é uma experiência única e perturbadora.
Assista ao trailer de “A Casa Que Jack Construiu”
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