Pobres Criaturas (2023): A Jornada de Autoconhecimento e Liberdade de uma Jovem em um Mundo Absurdo
A mais recente obra cinematográfica de Yorgos Lanthimos, Pobres Criaturas (2023), é uma reflexão sobre identidade, liberdade e os limites do humano. A narrativa segue a história de uma jovem que é trazida de volta à vida por um cientista excêntrico, vivendo em um mundo surreal e cheio de absurdos.
A proposta do filme é uma mistura de ficção científica, fantasia e comédia, que coloca o público diante de questões existenciais enquanto nos leva a uma jornada de autodescoberta.
Com sua assinatura inconfundível de absurdos e personagens excêntricos, Lanthimos, conhecido por A Favorita e Dogtooth, traz uma narrativa intrigante que mistura o bizarro e o reflexivo.
Ao longo deste artigo, exploraremos os principais elementos de Pobres Criaturas (2023), seus personagens, a mensagem subjacente e a maneira como o filme trata temas como liberdade, identidade e as complexidades da existência humana.
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A Trama de Pobres Criaturas

O Retorno à Vida e o Mundo Absurdo
A trama de Pobres Criaturas gira em torno de uma jovem chamada Bella, que é trazida de volta à vida por um cientista excêntrico, interpretado por um brilhante Willem Dafoe.
A jovem, que em vida foi vítima de um trágico destino, agora acorda em um mundo que não faz sentido, cercada por seres e acontecimentos absurdos.
A partir desse momento, Bella se vê em um processo de autodescoberta, em uma busca constante para entender quem ela é, seu propósito e os limites do mundo em que foi inserida.
O filme se passa em um universo surreal e cheio de personagens excêntricos, típicos do estilo de Lanthimos.
O cientista que a revivifica representa não apenas a figura da ciência descontrolada, mas também o impulso humano por querer dominar a morte e recriar a vida, sem se importar com as consequências morais e éticas.
No entanto, o que parece uma simples experiência científica logo se transforma em um conto filosófico sobre identidade e liberdade.
A Jornada de Autoconhecimento de Bella
À medida que Bella começa a explorar o mundo ao seu redor, ela enfrenta os desafios de sua nova existência. Em sua jornada de autoconhecimento, ela encontra outros personagens igualmente excêntricos, todos representando diferentes aspectos da sociedade e da natureza humana.
O filme explora a liberdade de Bella, não apenas como uma busca pela independência, mas também como um questionamento sobre quem ela realmente é.
Enquanto Bella explora sua nova vida e os absurdos do mundo em que se encontra, ela deve lidar com dilemas existenciais: Quem sou eu? O que significa ser humana?
Como posso ser livre em um mundo que parece não ter sentido? Essas perguntas formam o núcleo da narrativa e são abordadas de uma maneira que mistura humor negro, absurdo e momentos de profunda reflexão.
A Abordagem Filosófica e Surreal de Lanthimos
A Reflexão Sobre a Identidade e a Liberdade
Como em muitas das obras de Yorgos Lanthimos, Pobres Criaturas aborda questões filosóficas profundas, mas de maneira peculiar e inusitada. A jornada de Bella não é apenas uma busca por respostas sobre sua própria identidade, mas também uma exploração do conceito de liberdade.
O filme questiona se a liberdade de ser quem somos é possível em um mundo que constantemente nos limita, seja por meio das normas sociais, das expectativas ou das próprias limitações da natureza humana.
Lanthimos constrói uma narrativa que nos desafia a pensar sobre o que significa ser verdadeiramente livre. Em um mundo onde a realidade é distorcida e cheia de elementos irracionais, a liberdade de Bella é mais do que uma simples fuga.
Ela se torna um reflexo da tentativa humana de se libertar das amarras da vida cotidiana, da moralidade e das estruturas sociais que nos definem.
O Uso do Absurdo como Crítica Social
O estilo peculiar de Lanthimos, conhecido por seu uso do absurdo e do humor negro, é evidente em cada cena de Pobres Criaturas. O diretor não apenas utiliza o absurdo como uma forma de entreter, mas também como uma poderosa ferramenta de crítica social.
Através de situações bizarras e diálogos desconcertantes, Lanthimos questiona normas estabelecidas, padrões de comportamento e as expectativas sobre o que significa ser humano.
Os absurdos que Bella encontra ao longo de sua jornada podem ser interpretados como metáforas para a vida moderna, onde as regras nem sempre fazem sentido e onde as pessoas frequentemente se veem em situações sem lógica ou razão.
O filme desafia o público a olhar para esses absurdos e refletir sobre a natureza de suas próprias vidas e a sociedade em que vivem.
Personagens Excêntricos e a Construção do Mundo Fantástico
Bella: A Jovem em Busca de Si Mesma
O personagem principal, Bella, é uma jovem fascinante, cuja jornada representa tanto o processo de crescimento quanto os desafios de uma nova existência.
Ela é uma personagem que, apesar de sua ressurreição, ainda está “em construção”, um reflexo da própria condição humana: sempre em busca de respostas, sempre em processo de autodescoberta.
Sua jornada não é apenas física, mas principalmente interna, à medida que ela tenta entender seu novo papel em um mundo que não faz sentido.
A atriz Emma Stone, que interpreta Bella, traz uma energia única para o papel, equilibrando momentos de vulnerabilidade com uma força crescente à medida que sua personagem enfrenta os absurdos ao seu redor.
Sua interpretação é uma das grandes forças do filme, pois ela consegue transmitir tanto o caos emocional de Bella quanto sua busca por autonomia e entendimento.
O Cientista Excêntrico e os Outros Personagens
Ao lado de Bella está o cientista excêntrico, interpretado por Willem Dafoe, cujas motivações e ações são mais enigmáticas do que parecem à primeira vista.
Sua obsessão pela criação da vida e pela manipulação do destino humano serve como uma crítica à ciência sem ética, que busca ultrapassar os limites da natureza sem considerar as consequências.
Ele também representa uma figura paternal ambígua, que oferece tanto proteção quanto limitação à jovem Bella.
Os outros personagens do filme, muitos dos quais são igualmente excêntricos e surreais, servem para reforçar o tom absurdo e filosófico da obra.
Cada um deles representa diferentes aspectos da sociedade ou da psique humana, contribuindo para o desenvolvimento da personagem principal enquanto ela navega por seu novo mundo.
A Estética Visual e a Direção de Lanthimos
A Direção de Arte: Um Mundo Surreal e Colorido
A direção de arte de Pobres Criaturas é uma das grandes atratividades do filme. O mundo em que Bella vive é visualmente deslumbrante, com cenários e figurinos que misturam elementos do fantástico com o grotesco e o absurdo.
A paleta de cores vibrantes e os elementos visuais inusitados ajudam a criar um ambiente de sonho e caos, refletindo a jornada emocional e filosófica da personagem.
Lanthimos utiliza a estética surreal para reforçar o desconforto e a maravilha da experiência de Bella, criando um contraste entre os momentos de leveza e os de inquietação.
A cada novo cenário, o público é desafiado a olhar mais de perto, tentando encontrar sentido no absurdo – uma reflexão sobre a busca humana por sentido em um mundo que muitas vezes parece não ter lógica.
O Uso da Trilha Sonora
A trilha sonora de Pobres Criaturas, composta por Alexandre Desplat, complementa a atmosfera do filme, intensificando tanto os momentos de humor quanto os de introspecção.
A música consegue traduzir a energia imprevisível do filme, ajudando a mergulhar o público no turbilhão emocional e filosófico da trama.
Conclusão

Pobres Criaturas (2023) é mais do que uma simples história de ficção científica ou fantasia. A obra de Yorgos Lanthimos é uma profunda reflexão sobre identidade, liberdade e o absurdo da vida humana.
A jornada de Bella é uma busca de autoconhecimento em um mundo que desafia as expectativas e limitações da existência humana.
A mistura de humor negro, absurdos filosóficos e uma direção visual impressionante torna Pobres Criaturas uma experiência cinematográfica única. O filme nos faz questionar o que significa ser livre, ser humano e buscar um propósito em um mundo que muitas vezes parece não fazer sentido.
Assista ao trailer de “Pobres Criaturas”
No Brasil, “Pobres Criaturas” está disponível no Disney+.