Review TBX | Star Wars: Os Últimos Jedi. Um filme que enaltece o cânone, mas inova

O 8º episódio da saga Star Wars chega aos cinemas com maestria

 

Star Wars talvez seja uma das principais sagas a estabelecer princípios, valores e maneiras de serem seguidas as histórias subsequentes. Assim cabe dentro de uma sequência como Os Últimos Jedi honrar as ideias já preestabelecidas pelos filmes anteriores, principalmente por ter seguido de O Despertar da Força.

J.J. Abrams entregou uma nova trilogia cheia de oportunidades e novos caminhos a serem traçados. Questionamentos dignos de uma saga como Star Wars foram levantados e alimentaram os fãs por dois anos em meio ao hiato da gravação, produção e lançamento. Cabia ao roteirista Rian Johnson a tarefa de seguir bem o caminho já traçado e não errar, afinal os fãs, já traumatizados pelos erros do passado, aprenderam a se satisfazer com o bom.

Porém o diretor/roteirista conseguiu ir muito além do esperado (ou do pouco esperado), entregando um filme que difere de tudo já apresentado. Mais denso, dramático e com peso. A todo o momento, durante as divulgações nos trailers e posteres, o tom vermelho constante dava ideia de que isso aconteceria e que haveria um embate maior entre “bem e mal”. Mas, ao vermos o filme, o que surpreende é que o embate não é sobre pontos de vista definidos. Em diálogos muito bem posicionados e conflitos de personagens “bem e mal” são questionados constantemente. Não existe uma posição unilateral quanto às ideias de seus personagens, o filme nos convida a questionar os valores e propósitos de nossos protagonistas e antagonistas. No entanto, a produção surpreende ainda mais os fãs com a comédia digna da saga, que já está presente com frequência, mesmo nas sequências mais tensas, o que acaba sendo incrível de ser observado.

 

Crítica de Star Wars: Os Últimos Jedi. Um filme que enaltece o cânone, mas inova a saga

 

Os Últimos Jedi nos deixa atentos esperando por algo. O peso da guerra cai nos ombros, sendo abordados pela primeira vez na saga a densidade da perda, da injustiça, e da morte. A atitude completamente inovadora choca e nos faz por alguns instantes fazer analogias com a vida real e com os sacrifícios feitos por pessoas que buscam liberdade, além da opressão de regimes totalitários.

Johnson usa de técnicas pontuais para firmar o ritmo do filme. Com três frentes a serem seguidas, a produção conta com propósitos estabelecidos de fácil compreensão do espectador, além de usar de cortes rápidos e troca de cenas muito mais dinâmicas. O diretor se preocupou em estabelecer conflitos no fim de cada cena para resolver na próxima e então estabelecer outro (como se fosse um filme com episódios seriados de minutos).

A produção cuida de destacar Rey e Kylo Ren, e a entrega de Daisy Ridley e Adam Driver é extrema e perceptível. Ambos os personagens vão ao longo do roteiro percebendo o peso de seus poderes e as consequências que podem acarretar sob suas escolhas. Enquanto isso, cabe ao elenco de apoio a tarefa de mostrar o peso da guerra sobre as pessoas. Finn (John Boyega), Poe (Oscar Isaac) e Rose (interpretada por Kelly Marie Tran, uma nova personagem que já amo e quero um Funk Pop) ficaram encarregados da busca desesperada para reverter a situação estabelecida no princípio do filme e assim proteger a Resistência.

 

Crítica de Star Wars: Os Últimos Jedi. Um filme que enaltece o cânone, mas inova a saga

 

O filme também é plausível por valorizar os personagens antigos. Diferente do anterior, em Os Últimos Jedi não existe medo de que os antigos personagens sobrepujam os novos, ou seja, cada um tem seu espaço e propósito. A Princesa Leia tem uma bela participação e sempre que aparece Carrie Fisher arrepia (na verdade fico arrepiado agora escrevendo), deixando mais uma vez os fãs desconsolados com a sua partida. A atriz apresenta uma atuação e um poder sob a trama tão grandes que, quando os letreiros sobem, você compreende que ela se despediu da saga lindamente, o que acaba engrandecendo Leia, passando de uma rebelde mimada para uma sábia líder.

 

Crítica de Star Wars: Os Últimos Jedi. Um filme que enaltece o cânone, mas inova a saga

 

No contraponto, Mark Hamill defende um Mestre Skywalker muito diferente do habitual. Alguém que cansou de acreditar e, por erros do passado, decidiu se enclausurar em um lugar no meio do nada apenas esperando a morte. Luke quebra o estigma de sabedoria e controle estabelecido por antigos Jedi e vai contra tudo que acreditava no passado, se mostrando alguém machucado por más escolhas. É interessante analisar que, talvez graças a Luke, Hamill tenha sido um ator de um papel só nos cinemas (assim como Carrie). Mesmo após anos ainda conseguem defender seus personagens com voracidade e verdade, como se Luke e Leia estivessem presos dentro dos atores todo esse tempo, aguardando por uma sequência.

 

 

Por fim, caro leitor, é possível dizer que O Despertar da Força está para Uma Nova Esperança quanto a estabelecer personagens e pontos de partida. Já Os Últimos Jedi está para O Império Contra-Ataca quanto a dar profundidade e gravidade à nova trilogia, conseguindo cumprir perfeitamente seu papel.

 

Star Wars: Os Últimos Jedi segue a receita e traz algo novo para que os fãs da saga se alimentem por mais algum tempo, até ser lançado o último episódio da trilogia.

 

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